sexta-feira, 11 de outubro de 2013

ELEIÇÕES AUTÁRQUICAS EM 10 PONTOS

1º - No passado dia 29 de Setembro, os portugueses mostraram um cartão vermelho ao governo e à sua política, obtendo o PSD a maior derrota de sempre em eleições autárquicas. Até na Madeira o PS ganhou em mais municípios que aquele partido. Alberto João Jardim está no ocaso do seu poder.
2º - O CDS, que continua com um pé dentro e outro fora do governo, não foi penalizado como o PSD, tendo obtido a presidência de 5 câmaras (mais quatro que em 2009).
3º- O PS foi o grande vencedor, consolidando António José Seguro a sua liderança. A táctica deste partido de não criar, no período eleitoral, elevadas expectativas mostrou estar correcta, contrariamente ao então afirmado por vários analistas e comentadores políticos.-
4º - O PCP voltou a ultrapassar os 10% e a recuperar câmaras importantes como Évora, Beja ou Loures.
5º - O BE registou uma acentuada descida de votos, perdendo para o PS a única câmara que detinha. Mostrou também não ter uma máquina local eficaz como, por exemplo, o PCP.
6º - A soma da abstenção, dos votos nulos e brancos ultrapassa 50% do eleitorado. Este facto é demonstrativo do sentimento que paira no país contra os partidos do sistema. Aliás, onze listas independentes venceram em igual número de câmaras, entre as quais Porto, Oeiras, Portalegre e Matosinhos.
7º - O PSD não tirou as devidas ilações destes resultados. Mostrou encontrar-se, tal como o governo, no qual é o principal partido, completamente isolado e repudiado junto da população. No entanto, numa atitude perfeitamente esquizofrénica, reagiu como se nada se tivesse passado. No Conselho Nacional que se seguiu ao acto eleitoral, não foi analisado o porquê da derrota. A preocupação dos srs. conselheiros laranjas foi propôr uma política de "caça às bruxas" relativamente aos críticos da estratégia falhada. Eis mais uma prova de que a maioria esmagadora do aparelho do PSD está com esta política de traição à social-democracia e à herança de Francisco Sá Carneiro.
Quem quiser lutar pela realização da social-democracia em Portugal terá de fazê-lo em outra sede.

NOVO CICLO EM S. PEDRO DO SUL


8º - Aquando da vitória do PSD e do Dr. António Carlos Figueiredo nas eleições autárquicas de 2001, em artigo publicado no jornal "Notícias de Lafões", afirmei passar qualquer solução futura do PS por Vitor Figueiredo, então reeleito Presidente da Junta de Freguesia de S. Pedro do Sul. Passados 12 anos e após várias derrotas copiosas, foi precisamente com Vitor Figueiredo que os socialistas recuperaram a C.M. local e com maioria absoluta, o que só havia acontecido com o Dr. Bandeira Pinho, independente.
Provou-se também que não é necessário ter qualquer licenciatura, mestrado ou doutoramento para se ser um bom político e demonstrar trabalho, como fez na Junta de Freguesia da sede do concelho, o que foi determinante para esta vitória.
9º - O PSD registou uma derrota histórica por razões nacionais e locais. Por um lado, verificou-se também em S. Pedro do Sul uma vontade de penalizar a política governamental, por outro lado, Adriano Azevedo mostrou não recolher a empatia do eleitorado. Algumas afirmações suas na campanha eleitoral, especialmente nos debates, foram autênticos tiros nos pés. Treze anos depois, a História veio dar razão à Comissão Política de então e à maioria dos militantes do PSD quando disseram não à escolha que o então secretário-geral, José Luis Arnaut, quis impôr nas eleições autárquicas intercalares então decorridas, o Dr. Adriano Azevedo. O candidato foi o Dr. António Carlos Figueiredo, o qual venceu quatro eleições por larga maioria absoluta. É minha convicção que se pudesse voltar a candidatar-se, seria reeleito.
10º- Em S. Pedro do Sul, as eleições foram muito bipolarizadas. Daí os maus resultados da CDU e do BE, o qual ficou afastado da Assembleia Municipal, onde mostrou grande actividade no anterior mandato. A bipolarização terá também prejudicado o Dr. José Sousa e os seus companheiros da lista "A Nossa Terra", que apresentou propostas positivas para o futuro do concelho e recolheu a simpatia de parte importante da população.
Recordo ter o Dr. Sousa um papel importantíssimo nas vitórias do PSD nos últimos 13 anos.
António Carlos Figueiredo e José Sousa são dos não muitos militantes do PSD que se mantêm fieis ao ideal social-democrata.

(Publicado na GAZETA DA BEIRA, de 10/10/2013)

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