quinta-feira, 26 de setembro de 2013

RUI RIO


Há algum tempo, o ainda Presidente da Câmara Municipal do Porto, Rui Rio, criticou a prática política do seu partido (PSD), considerando que o mesmo se tem afastado da social-democracia e não preza o factor social. Mais afirmou não apoiar Luis Filipe Menezes enquanto candidato à C.M. da Cidade Invicta, devido à sua política gastadora e criadora de pesada dívida em Vila Nova de Gaia.
Rui Rio sempre repudiou o neo-liberalismo, a actual ideologia do partido liderado por Passos Coelho. É um social-democrata inequívoco, à semelhança de Francisco Sá Carneiro e demais fundadores do PPD.
Enquanto no governo o PSD e o CDS destroem a economia, provocando falências, elevado desemprego, mais pobreza e mais miséria, em nome do mais que falhado combate ao défice e à dívida, Rui Rio, à frente de uma coligação entre aqueles dois partidos, no município do Porto, nos últimos 12 anos, requalificou pontos essenciais da cidade, aplicou uma invejável política social e reduziu grandemente a dívida herdada. Por outro lado, não tem cedido aos lobbies desportivos, culturais ou da construção civil. Provou poder ser-se eleito naquela cidade com a oposição de Pinto da Costa.
É de uma pessoa com o perfil de Rui Rio que o país precisa na chefia do governo. No entanto, as suas palavras não tiveram eco no aparelho do PSD, o que mostra estar o mesmo dominado pelos actuais dirigentes e detentores do poder executivo, que trocaram a social-democracia pelo neo-liberalismo cavador de injustiças sociais, desigualdade e pobreza, cá e no mundo inteiro.
No actual PSD poucos militantes professam a social-democracia. Dificilmente tal partido voltará a ser um partido conciliador da economia aberta e competitiva, do direito de propriedade, com a solidariedade e a justiça social, bem como uma especial atenção aos mais desfavorecidos. Quem se identifica com o ideal social-democrata não é neste partido, nem votando no mesmo, que o fará.

PS: em artigo publicado na edição de 25/07/2013 de “Gazeta da Beira” e intitulado “Economia ou sociedade de mercado”, a determinada altura era afirmado que os programas do PSD e o CDS afirmavam não estar a solução toda no Estado. Tal foi um lapso. A expressão correcta é: “nos programas do PSD e do CDS diz-se que a solução não está toda no mercado”. A correcção aqui fica, com o devido pedido de desculpas aos leitores.

Publicado na GAZETA DA BEIRA, de 26/09/2013

terça-feira, 24 de setembro de 2013

ANGELA MERKEL GANHA ELEIÇÕES SEM MAIORIA

Os democratas-cristãos e Angela Merkel venceram as eleições legislativas alemãs, no passado domingo. Reforçaram a sua votação, mas não conseguiram atingir a maioria absoluta. Os seus aliados liberais não obtiveram a percentagem mínima de votos (5%) para permanecerem no parlamento, pelo que, provavelmente, a Alemanha passará a ser governada por uma coligação entre democratas-cristãos e sociais-democratas.
Os alemães têm razão para votar em Merkel e no seu partido, pois a actual UE e a moeda única foram criados à medida do seu país, prejudicando as economias mais fracas, as quais, ainda que também por outros motivos, se endividaram. Com esse endividamento, as "ajudas" alemãs têm-lhe rendido muito dinheiro, num belíssimo exemplo de solidariedade dos ricos para com os pobres, tal como afirmam os tratados europeus...
O alemão médio sempre sonhou dominar a Europa. Não é por acaso que os nazis, de Hitler, chegaram ao poder através de eleições. Se a Alemanha perdeu a II guerra mundial, está a conseguir, pela economia, atingir os objectivos imperialistas então pretendidos, por falta de competência e de patriotismo da maioria dos governantes dos restantes paises da UE.
O Partido Social Democrata Alemão irá regressar, ainda que como segundo partido, ao poder. Espera-se que se recorde ter nascido do movimento operário da segunda metade do séc. XIX contra o capitalismo selvagem, e faça jus ao seu nome e ideologia, contrariamente ao Sr. Hollande na França.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

NUNO CRATO REGRESSA AOS SEUS TEMPOS JUVENIS

As direcções de algumas escolas secundárias querem proibir as suas alunas de usar decotes considerados excessivos e mini-saias nas aulas e/ou nos recreios. Já agora, porque não obrigá-las a usar capa para taparem bem os seus corpos juvenis?
As associações de pais não concordam com tais decisões. O ministro da educação, Nuno Crato, até agora, não se pronunciou sobre a questão, porque, certamente não se opõe às ditas decisões. Assim sendo, sentir-se-á voltar aos bons velhos tempos de juventude quando passou por várias organizações que perfilhavam o maoismo, para o qual, a nível político geral e, na China, em particular, o sexo era tabu. Naquele país, nas aulas não se falava de educação sexual e era proibido um casal de namorados beijaram-se na boca em público.
De facto, o moralismo revolucionário da esquerda estalinista e maoista é igualzinho ao moralismo hipócrita da direita ultra-conservadora. Por isso alguns revolucionários que conheci se afirmam, sem rirem, serem "de direita e conservadores". Mais do que isso, vocês transformaram-se nuns reaccionários que só envergonham quem convosco lutou por causas justas animadas por ideias erradas.

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

11 DE SETEMBRO

Há 12 anos, terroristas suicidas pertencentes à Al-Qaeda lançaram dois aviões contra as torres gémeas, em Nova Iorque, e um outro contra o Pentágono.
Em consequência daquele acto criminoso faleceram vários milhares de pessoas.
Aquele ataque foi perpetrado contra a liberdade. Os seus autores eram psicopatas com ódio a tudo que seja diferente do fundamentalismo islâmico.
A comunicação social tem destacado a comemoração do 12º ano daquele terrível acontecimento nos EUA, o que está certo. Deveria ter tido a mesma atitude no passado dia 6 de Agosto relativamente à recordação do lançamento pelas tropas americanas das bombas de Hiroxima e Nagasaqui, no Japão, causadoras de muitos milhares de mortos. Lembramos também que passam hoje 40 anos sobre o golpe de estado fascista do general Augusto Pinochet, no Chile, orquestrado pela CIA, no qual teve graves responsabilidades o então secretário de estado dos Negócios Estrangeiros americano, Henry Kissinger. Em consequência de tal golpe, foram mortos milhares de chilenos.
A Al-Qaeda cometeu - e continua a cometer - aquele e outros crimes em nome de Alá. Os EUA praticaram as mortes atrás mencionadas em nome da liberdade e demais valores civilizacionais ocidentais..
Nem só os comunistas ou os jacobinos, no pós-Revolução Francesa, mataram muita gente em nome de grandes e generosos ideais como sociedade sem exploradores nem explorados, onde todos serão iguais, liberdade, igualdade e fraternidade.

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

O POLITICAMENTE CORRECTO E A FALSIFICAÇÃO DA HISTÓRIA

Na edição da Revista do "Expresso" do passado dia 7 de Setembro, vinha publicado um trabalho de reportagem sobre 25 dos 100 considerados ilustres portugueses do séc. XX. Entre aqueles conta-se o já falecido Francisco Martins Rodrigues, que em 1963 abandonou o PCP, de que era um dos principais dirigentes, fundando no ano seguinte, com mais dois dissidentes do partido já liderado por Álvaro Cunhal, João Pulido Valente e Rui d'Espiney, a FAP (Frente de Acção Popular) e mais tarde o CMLP (Comité Marxista-Leninista Português), o qual tornou aquela frente seu braço armado. Estas foram as primeiras organizações maoistas portuguesas.
A prosa sobre Francisco Martins Rodrigues, assinada por Valdemar Cruz, refere ter o mesmo sido preso no início do ano de 1966 com muitos militantes do CMLP/FAP. Esquece, no entanto, o autor da prosa de dizer que tais prisões se deveram à delação do herói revolucionário Francisco Martins Rodrigues na PIDE.
A história verdadeira é esta: havia desconfiança de que um militante do CMLP/FAP, de seu nome Mário Mateus, seria um pide infiltrado. Numa noite, Martins Rodrigues e Rui d'Espiney levaram o tal Mateus para a mata de Sintra, onde este, após levar uma carga de porrada, confessou trabalhar para a PIDE e receber da mesma 2 500 escudos por mês. De seguida, os outros dois matam-no a tiro de pistola.
A PIDE rapidamente prendeu os executantes de Mário Mateus, sujeitando-os a intensa tortura, à qual não resistiram, tendo delatado todos os camaradas que conheciam. Essa sua atitude é que permitiu o desbaratar da organização de que eram dirigentes pela polícia política do regime.
Alguns militantes conseguem fugir para França, juntando-se a outros camaradas aí exilados. Acabaram com o braço armado da organização (FAP) e expulsaram posteriormente Francisco Martins Rodrigues e Rui d'Espiney. A partir dessa altura (1968), o princpial dirigente do CMLP passa a ser o futuro líder do PCP (m-l), hoje militante do PSD e neo-salazarista, Heduino Gomes (Vilar).
Francisco Martins Rodrigues foi condenado na pena de 19 anos de prisão, apenas saindo da cadeia no 25 de Abril. Após a revolução, foi o "pai" da UDP e do PCP(R). O comunista brasileiro, que pertenceu ao círculo de Estaline, Diógenes Arruda, após a "reconstrução do partido", leia-se: o surgimento do PCP(R) no fim de 1975, veio para Portugal controlar o mesmo, tendo levado o respectivo Comité Central, devido ao seu comportamento na PIDE, contrário à chamada firmeza bolchevique, a expulsar Rui d'Espiney e afastar daquele comité Martins Rodrigues, na condição de nunca mais lhe pertencer. Esta atitude relativamente ao Chico, como era tratado na organização, deveu-se ao relevante papel dirigente que teve na reconstituição do partido. Rui d'Espiney permaneceu na UDP.
Em 1984, Francisco Martins Rodrigues sai do PCP(R) e cria a organização denominada "Política Operária", passando a ser director de uma revista com o mesmo nome até à sua morte em 2008.
A extrema-esquerda que não gostava de Martins Rodrigues, dada a sua delação na PIDE, passou, desde os anos 60 do século passado, a apelidá-lo de Chico Bufo.
Quando Francisco Martins Rodrigues morreu, rezei pela sua alma. Desejo que descanse em paz. Reconheço que teve um papel importantíssimo na luta anti-fascista, embora defendesse uma ditadura de sinal contrário. No entanto, não concordo nem pactuo com a correcção política do jornalista Valdemar Cruz. Sempre que se fale ou escreva sobre Francisco Martins Rodrigues, não se refira apenas o que o beneficia. O seu comportamento na polícia, inadmissível em qualquer partido ou organização comunista, levou à prisão e ao exílio muita gente.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

CIA ENSINOU TORTURAS À PIDE

Segundo uma notícia publicada na última edição do jornal "Expresso", a CIA entregou um manual de torturas à PIDE, a polícia política da ditadura anterior ao 25 de Abril. De acordo com um especialista na matéria, algumas dessas torturas ainda foram aplicadas recentemente aos detidos de Guantanamo.
Este facto ilustra uma certa América, que sendo democrática, em nome da luta contra o comunismo, ajudou ditadores fascínoras, ladrões e corruptos em vários pontos do globo, especialmente na América Latina.
Pinochet, Trujillo, Jimenez, Marcos e tantos outros foram alguns dos tiranos colocados e mantidos no poder com a ajuda da CIA e de vários governos americanos.
Essa América queimou muita gente viva, com napalm, no Vietname. Quem não se lembra da célebre fotografia da menina vietnamita, a correr nua, queimada por napalm lançado pelos yankees, com a dor espelhada no rosto e especialmente nos olhos? Essa mesma América lançou as bombas de Hiroxima e Nagasaqui, no Japão, matando dezenas de milhares de pessoas. É a América imperialista e rapinadora das riquezas alheias.
Há uma outra América, a que foi importante na luta contra o fascismo, o nazismo e o outro totalitarismo do século XX, o comunismo, a América que, com o Plano Marshall, ajudou a Europa a sair da crise do pós-II guerra mundial e enriquecer. Foi essa América que derrotou os republicanos e o reaccionarismo dos sectores mais ortodoxos, ignorantes, obscurantistas e patéticos da direita, representados por Sarah Palin, e elegeu Barak Obama, o qual se aproxima do modelo social-democrata europeu, enquanto os governos do nosso continente, com destaque para o governo Portas-Passos, aplicam um ultra-liberalismo conservador, destruidor da coesão social.
Não foi para imitar Bush, agora na Síria, que Obama foi eleito e teve a simpatia de pessoas democratas e progressistas no mundo inteiro.
Como dizia Marx, "a História repete-se, não como tragédia, mas como farsa". Se o ditador Assad cair, não haverá qualquer democracia na Síria, como não houve no Egipto, na Líbia e em outros países árabes. O poder será tomado por gente ligada à Al-Qaeda. Também Saddam Hussein e Bin Laden foram apoiados por administrações democratas e republicanas nas guerras contra o Irão, bem como a guerrilha curda, e a defunta URSS no Afeganistão. Saddam, há mais de 30 anos, matou milhares de curdos com armas químicas, com o apoio dos EUA. Viu-se como estes tipos agradeceram ao país do tio Sam o apoio dado!
Que Cameron alinhe nesta aventura que irá sair cara a todos os níveis não admira. O seu rosto espelha a sua inteligência. Já que Hollande o faça, não passa de uma traição sua aos ideais de uma nova esquerda alternativa ao conservadorismo social.

PS: este artigo foi publicado em 29/8/2013. Por lapso, foi eliminado e reposto na presente data.

A MENTIRA TEM A PERNA COXA

O nº 2 do PSD, Marco António Costa, o tal com quem Paulo Portas disse, na campanha eleitoral para as últimas eleições legislativas, nunca aceitar formar governo, afirmou na universidade de Verão daquele partido que "o PSD tem todo o direito de aplicar o programa com que foi eleito".
Só que, o PSD ganhou as eleições com um programa diferente do que tem aplicado no governo. Na altura, os "sociais-democratas" diziam que caso vencessem as eleições não haveria despedimentos na função pública, nem aumento de impostos, nem cortes de pensões e de salários.
Como facilmente se constata, puseram em prática, em conjunto com o CDS, um outro programa totalmente inverso.
Diz uma velha expressão popular que "a mentira tem a perna coxa". Os detentores do poder não param de mentir e enganar os cidadãos. Nesta altura do campeonato, já só se deixa enganar quem quer. Há que demonstrá-lo na próximas autárquicas, que têm também um significado nacional.