domingo, 20 de novembro de 2011

RESPOSTA A UMA PROVOCAÇÃO

Ao ler o blogue "O Caricas", verifiquei estar o meu nome e fotografia entre as pessoas que através do facebook afirmam que "gostam do Caricas". Cumpre-me esclarecer o seguinte:
1º - Não gosto do "Caricas", por razões que se prendem com a censura a um artigo sobre os negócios de Cavaco Silva e sua filha no BPN, de que solicitei publicação naquele blogue há quase dois anos. Por tal motivo, rompi com "O Caricas" e o(s) seu(s) anónimo(s) autor(es) e passei a colaborar no "Mais São Pedro do Sul", a convite do Dr. Daniel Martins.
2º- Não tenho qualquer página, nem pretendo ter, no facebook, pelo que os elementos que constam do "Caricas" são uma falsificação.
3º - Se o leitor consultar artigos meus publicados há alguns anos no "Caricas", verificará que aparece junto dos mesmos a fotografia em causa, a qual foi retirada a meu pedido. Tal foto, provavelmente, continuará na posse de quem produz "O Caricas". Não sei se foi tal blogue que forjou ou não a página, nem isso é importante para mim.
4º - O que importa - e aí incide a provocação - é que algumas das "minhas" preferências na dita página são a propaganda do Sendero Luminoso, vários "sites" do PCTP/MRPP e a CGTP. Bom, meter a CGTP no mesmo saco dos maoistas, das duas uma, ou mostra ignorância ou a sua disfarçante imitação.
5º - O que vai dito em 4º prende-se com posições políticas por mim assumidas nos últimos tempos, expressas, aliás, neste blogue.
6º - Não deixei de ser militante do PSD, pois continuo a identificar-me com o seu programa, especialmente com a parte que afirma "O PSD, sendo social democrata, valoriza a liberalização política e económica, com regras, rejeitando o socialismo e o conservadorismo social". Aliás, continuo a ser membro da A.M. de S. Pedro do Sul eleito pelo Partido Social Democrata.
7º - Porque me identifico com aqueles ideais sou opositor ao actual governo e à actual direcção do partido, pois a sua prática, em nome do combate à crise, está a destruir a economia, a tornar os pobres em miseráveis e a empobrecer as classes médias, enquanto os mais ricos não sentem a crise. Não me posso identificar com quem aumenta horários de trabalho e diminui salários, pratica cortes cegos em bens como a saúde ou a educação, prejudicando essencialmente os mais necessitados. Isto não é social democracia, nem liberalismo no sentido clássico do termo, pois já o "pai" do liberalismo económico, Adam Smith, referia, há mais de 250 anos, a necessidade de criação de "uma rede social abaixo da qual ninguém caisse". Shumpeter, Hayek, Von Mises e tantos outros sempre repudiaram a igualdade absoluta, porque conduziria à miséria, defendendo a necessária desigualdade na chegada, resultante da promoção segundo o mérito e do prémio do risco, mas conjugada com a igualdade na partida (de oportunidades), por forma a eliminar a miséria e pobreza, criando classe médias maioritárias.
8º - Continuo a ser um liberal progressista, embora dos pontos de vista político e económico tenha muito em comum com os liberais conservadores. Não tenho nada a ver é com o neo-liberalismo actual, que é uma deturpação e uma provocação ao liberalismo tradicional, do qual nasceu o conceito moderno de democracia. Este neo-liberalismo, exagerando na desregulamentação económica,provocando a submissão do poder político ao poder do dinheiro, desincentivando o capitalismo produtivo e promovendo um excesso de capitalismo financeiro (a chamada economia de casino), é o responsável pelo estado a que Portugal e diversos países da UE chegaram, que só tem um nome: decadência absoluta.
9º - Para sair desta situação, em democracia, os partidos do poder têm que voltar a fazer crescer as economias, mas com distribuição justa da riqueza, bem como garantir o acesso de todos à saúde, à educação, à cultura e outros bens absolutamente necessários à existência humana. A doutrina social da Igreja Católica e, de uma forma geral, o humanismo cristão, sem pôr em causa a independência entre a Igreja e o Estado, são possíveis referências necessárias à saída da crise e ao regresso às sociedades estáveis e de bem-estar que conhecemos no Ocidente.
Os liberais e os socialistas terão o seu lugar na criação de sociedades mais justas. Os primeiros deverão renegar o actual neo-liberalismo e retomar as origens da sua ideologia como fonte inspiradora, devidamente adaptada ao tempo presente. Os segundos deverão abandonar dogmas ultrapassados e fazerem sua a terceira via enunciada por companheiros seus como Blair ou Schroeder.
Caso os partidos democráticos assim não actuem, a nível nacional e internacional, provocarão a revolução social. As primeiras faíscas que poderão incendiar toda a pradaria, como diria Mao, estão à vista.
10º - Como se pode verificar, não regressei às ideias dos meus verdes anos. Só o poderá afirmar quem considere como comunistas perigosos todos aqueles que denunciam as injustiças do capitalismo selvagem e se colocam ao lado dos que sofrem. Façam favor de meter, então, nessa galeria, o actual e o anterior Papas, o Cardeal D. José Policarpo e os Bispos D. Manuel Martins e D. Januário Torgal Ferreira. Olhem que este último não invocou a memória de Álvaro Cunhal, mas de Sá Carneiro, para criticar as injustiças praticadas pelo governo de Passos e Portas.
11º - Por último e para quem faz "O Caricas": retire a minha foto e o meu nome dos seus amigos do facebook, pois como digo acima, não possuo aí qualquer página e não sou amigo do seu blogue. Quanto a si, tenho pena de não saber quem é, pois se for pessoa das minhas relações, deixaria de o ser. Nem sequer lhe admitiria que me desse os bons dias.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

HOMENS DE PALAVRA

Numa entrevista dada ao "Diário de Notícias", há muitos anos, o primeiro secretário-geral do MRPP, Arnaldo Matos (o actual secretário-geral daquele partido chama-se Luis Franco) afirmou haver feito alianças tácticas com o PSD, o PS e seus líderes, em 1974/75, contra o fascismo e o social-fascismo, inimigos comuns de todos.
Sobre Soares, Arnaldo Matos disse ser uma pessoa em quem não se podia confiar, pois "assumia hoje um compromisso e, amanhã, defendia uma posição completamente diferente". Sá Carneiro, segundo aquele dirigente maoista, "era um homem de palavra. Aquilo com que se comprometesse, cumpria zelosamente".
Como se pode constatar, o actual líder do PSD e primeiro-ministro segue também zelosamente o exemplo do principal fundador e primeiro líder do partido. Como prometeu na campanha eleitoral, não sobe impostos, apenas contrai despesas, não prevê, de forma alguma, despedimentos na função pública, está a proceder a uma profunda reforma do Estado e garante liberdade de escolha aos utentes quanto aos estabelecimentos de saúde e educação, bem como na segurança social. O projecto de Sá Carneiro tem, pois, um excelente e óptimo continuador. Só aqueles que continuam a ter a mania que são livres pensadores e não sabem como é difícil governar, pois se o soubessem, desejariam sempre obedecer (Brecht dixit) não o compreendem...