terça-feira, 30 de julho de 2013

O APELO DO PAPA AOS JOVENS

O Papa Francisco I visitou recentemente o Brasil, tendo participado e celebrado uma missa no Encontro Mundial da Juventude realizado no Rio de Janeiro, no qual participaram alguns milhões de jovens.
Aconselhou os mais novos a serem apóstolos de Cristo, na defesa da Verdade e da Justiça. Mais: disse-lhes para se manifestarem, sem medo, por um mundo mais justo.
O Papa tem criticado o poder económico que desvirtua a democracia e manda no mundo, tornando-o mais injusto. Como diz o escritor liberal e também sul-americano, Mário Vargas Llosa, "o capitalismo é um sistema amoral e injusto, tendo de ser regulado pela democracia". Ora, actualmente, assistimos ao contrário: os políticos, mesmo em democracia, submetem-se ao poder do dinheiro. Basta olhar para quem nos (des)governa. Quem viu o desejo e a luta por uma sociedade melhor por parte dalguns deles, incluindo Passos Coelho, quando jovens, como viu o autor destas linhas !...
Na origem deste poder desregrado do dinheiro e do ressurgimento do capitalismo sem alma está o neo-liberalismo, a herança de Reagan e Thatcher, desvirtuador do liberalismo clássico, "pai" do conceito moderno de democracia.
É, pois, contra o neo-liberalismo, responsável pelo vosso desemprego e falta de perspectivas de futuro que vós, jovens, deveis manifestar-vos. Perigo pior para a humanidade, nos dias de hoje, só o vindo do terror da Al-Qaeda. 

sexta-feira, 26 de julho de 2013

SAI FRANQUELIM, ENTRA BRANQUINHO

O ex-militante do PCP e actualmente primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, parece ter uma grande atracção pela escolha para o seu governo de alguns seus ex-inimigos maoistas, que o apelidavam e aos seus ex-camaradas de "revisionistas", "sociais-fascistas" e "lacaios do social-imperialismo revisionista soviético".
O ministro da educação, Nuno Crato, pertenceu ao PCP(m-l), ao CMLP/PUP e ao PCP(R)/UDP.
O secretário de Estado da inovação e competitividade agora de abalada, Franquelim Alves, foi dirigente do MRPP. Entretanto, para secretário de Estado da segurança social entrou Agostinho Branquinho, mais um ex-jotinha laranja, em tempos militante do MRPP e do PCP(m-l).
Corria o final do Verão do ano de 1976 quando o MRPP, cumprindo um dos seus objectivos, convoca o seu I Congresso para o final daquele ano, a fim de fundar o "verdadeiro partido marxista-leninista-maoista", o Partido Comunista dos Trabalhadores Portugueses (PCTP/MRPP). A então direcção regional litoral do Norte do partido, denominada Zona Ribeiro Santos, com sede no Porto, liderada por Horácio Crespo, hoje militante do PS e professor universitário de Economia, discorda daquela convocatória, defendendo o abandono da via revolucionária seguida pelo partido de Arnaldo Matos, a aliança com as organizações maoistas que afirmavam a impossibilidade da revolução e a ligação com todas as forças anti-PCP, incluindo as mais conservadoras, como era o caso do PCP(m-l), liderado por Heduino Gomes, o "camarada Vilar".
O principal aliado de Horácio Crespo no Porto era Agostinho Branquinho, uma espécie de motorista e moço de recados daquele.
A apelidada pelo MRPP "pandilha do Crespo", incluindo o Branquinho, foi expulsa. Pouco após, Agostinho Branquinho aderia ao grupo vilarista (PCP(m-l), tornado numa espécie de public relations da China em Portugal, pois praticamente mais nenhuma actividade desenvolvia, não tendo qualquer crédito nos sindicatos, no associativismo estudantil ou outro movimento de massas.
Em 1980, o PCP(m-l) é extinto. Após os seus membros terem constituido o Partido Trabalhista (PT), também liderado pelo Heduino, o mesmo desapareceu em poucos anos. Heduino adere ao PSD em 1984, tendo sido chefe do gabinete de propaganda deste partido aquando da liderança de Mota Pinto.
Após a morte de Mota Pinto, tornou-se um obscuro militante, nada tendo hoje a ver, na prática, com o partido a que aderiu, pois insulta Sá Carneiro, defende Salazar, o seu regime e o colonialismo. Leia-se o seu blogue "Mais Lusitânia" e poderá ver-se como não exagero nada. Recordo apenas ter Heduino Gomes pertencido ao PCP, à FAP (Frente de Acção Popular), braço armado do CMLP (Comité Marxista-Leninista Português) e ao PCP(m-l), como acima se afirma. Recusou-se a fazer a guerra colonial, tendo fugido para França em meados dos anos 60.
Quando o PCP(m-l) acabou, Agostinho Branquinho aderiu ao PSD. No entanto, pertenceu sempre à sua ala direita. Quando esta, capitaneada por Cavaco Silva e Eurico de Melo, conspirou contra o governo de Pinto Balsemão, em 1981, teve um forte apoiante no então jovem Branquinho, o qual, numa atitude de mais papista que o papa, no Conselho Nacional do partido que reafirmou o apoio a Balsemão, rejeitou sozinho o mesmo.
Há pouco tempo, foi trabalhar para a famigerada Ongoing, regressando agora à política como secretário de Estado.
Os últimos ex-maoistas escolhidos por Passos Coelho têm, curiosamente, estado nos últimos anos em muito más companhias. Este na Ongoing, o Franquelim de Económicas, no BPN e na SLN.
Heduino Gomes, Vilar para os ex-camaradas, elogia o salazarismo. Agostinho Branquinho faz parte do governo mais à direita desde o 25 de Abril. Analisando os seus percursos, estão no caminho certo...         

sábado, 20 de julho de 2013

ELEIÇÕES LEGISLATIVAS, JÁ

A tentativa de acordo entre os partidos do chamado arco constitucional proposta pelo Presidente da República falhou.
A culpa do falhanço foi dos partidos da coligação governamental, que queriam amarrar o Partido Socialista às suas políticas também falhadas. Basta recordar que o défice, incluindo o dinheiro investido na nacionalização encapotada  e mal disfarçada do BANIF, ultrapassa os 10% do PIB. Quer o défice, quer a dívida pública, são maiores que há dois anos, quando Sócrates abandonou o poder, apesar de se ter destruido económica e socialmente o país em nome da recuperação financeira.
A carta de demissão de ministro das finanças  de Vitor Gaspar é o espelho do desastre económico-financeiro irrevogável (usando a linguagem de Portas) da coligação de direita no poder. O mesmo Portas dá constantemente o dito por não dito. Como dizia o meu saudoso amigo Dr. Carlos Candal, figura histórica do PS, "virou-nos as costas, salvo seja".
No nosso entender, a única solução para a resolução da presente crise passa por dar a voz ao povo. O vencedor das eleições a realizar seria o PS, muito provavelmente sem maioria. Como o PSD e o CDS registariam copiosoas e merecidas derrotas, as suas lideranças mudariam. Acreditamos que ainda poderiam voltar a ser verdadeiros partidos social-democrata e democrata-cristão. Então, sim, poderíamos ter uma governo de salvação nacional constituido por aqueles três partidos, que recuperasse financeiramente o país com justiça social.
O nosso azar está em Passos e Portas. Esperamos que Cavaco Silva, que até chegou a afirmar, quando primeiro-ministro, ser social-democrata como Bernstein, conclua o mesmo na decisão que vier a adoptar.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

A LINHA JUSTA DO PAPA E A HIPOCRISIA DE CERTOS "CATÓLICOS"

O Papa Francisco I tem denunciado a ideologia economicista, neo-liberal, dominante e as suas consequências: aumento da pobreza e das desigualdades sociais, abusos do alto capital financeiro e não só, e retirada de direitos aos trabalhadores, parte mais fraca das relações laborais. Denúncias de injustiças relativamente aos poderosos, incluindo os religiosos judaicos do Seu tempo, foram feitas por Cristo.
O Papa tem cumprido a sua missão no mundo, à semelhança de Jesus, adaptando a doutrina cristã ao tempo presente. A opção pelos pobres e a luta contra as injustiças são fundamentais para a salvação dos seres humanos.
Tempos houve em que alguns representantes da Igreja Católica interpretavam de forma deturpada e ao serviço dos "de cima" expressões evangélicas como "felizes os pobres, que deles é o reino dos céus", vendo nas mesmas uma maneira de levar os pobres a aceitar a exploração a que estavam sujeitos, porque um dia teriam a recompensa no além. Dava um grande jeito aos possuidores de riqueza que era a pobreza daqueles. No entanto, o sentido da frase de Cristo era o de apelar para a moralidade na obtenção da riqueza.
Ainda hoje, há quem, dizendo-se fervoroso católico, não siga as posições do papa Francisco I e deturpe o caminho da busca da salvação eterna, como é o caso do fundamentalista religioso e fanático apoiante do neo-liberalismo (condenado pela Igreja de que faz parte), bem como do governo à espera do golpe de misericórdia, o Professor de economia João César das Neves. Recentemente, afirmava no "Diário de Notícias" que o mal das sociedades actuais consiste em terem virado as costas a Deus - aqui tem bastante razão - e não aceitarem as dificuldades inerentes à austeridade, aguardando a respectiva recompensa no céu.
Se Cristo cá voltasse, teria muitos vendilhões a correr do templo, como alguns auto-denominados católicos apostólicos romanos que afirmam, entre outras insanidades, "ainda bem que se está a empobrecer. Isto não podia ser sempre a subir (sic)", "ainda bem que está a morrer mais gente. As pessoas viviam muito tempo". Como esses "católicos" pertencem ao país dos "de cima", facilmente se deduz a quem se referem no tocante a empobrecimento e mortes. Tenho ouvido coisas destas em S. Pedro do Sul, à saída da missa onde esta gente acabou de comungar!...
Não é com intelectuais como João César das Neves e com gente egoista, invejosa e hipócrita que a Igreja Católica segue as pisadas de Francisco I ao serviço da fé, da justiça e da verdade.

sexta-feira, 5 de julho de 2013

RAPAZES HOMENS E HOMENS RAPAZES

O meu avô materno, que foi operário ferroviário, contava muitas vezes que quando um jovem seu amigo entrou para a CP, na qualidade de funcionário administrativo de estação, o pai do mesmo lhe disse: "vê lá se queres ser homem rapaz ou rapaz homem".
Esta "estória", que já em criança ouvia ao meu avô, ilustra, muitos anos depois, a irresponsabilidade dos actuais detentores do poder político. Estamos mesmo entregues a homens rapazes, alguns já septuagenários.

quarta-feira, 3 de julho de 2013

GOVERNO IMPLODE

Ao fim de dois anos de exercício do poder, em nome da recuperação financeira, o governo de Passos Coelho destruiu o essencial da economia. A esmagadora maioria dos portugueses está mais pobre, as falências de empresas e individuais multiplicam-se, o desemprego ultrapassa um milhão de trabalhadores, uma grande parte dos quais já não recebe subsídio de desemprego. Quanto à situação financeira, o défice já ia, no final do primeiro trimestre de 2013, em 10,6% do PIB (o maior desde o segundo semestre de 2010, ou seja, superior ao que o governo de Sócrates deixou). Tal défice deve-se, em parte, ao dinheiro metido pelo Estado no BANIF, mas se não fosse essa "ajuda", a fazer lembrar o buraco do BPN, o mesmo estaria em 8,8%, mais de 2% que no ano de 2012. A dívida dispara, estando já em 127%/PIB.
Destruiu-se o essencial da economia e agravaram-se os problemas financeiros. Essa foi a consequência do amadorismo e da incompetência do governo ainda em exercício, o qual demonstrou constantemente não estar à altura da sua responsabilidade.
Aquele falhanço foi claramente reconhecido na carta de demissão de Vitor Gaspar. Paulo Portas também abandonou o governo. Passos Coelho mantém-se no maior dos autismos, fruto do desespero em que se encontra.
O governo implodiu e viu os seus dias chegarem ao fim.
A única solução parece passar por dar a voz ao povo. Certamente o PS será o vencedor das eleições que eventualmente sejam convocadas. No entanto, dificilmente obterá uma maioria absoluta. Terá que formar uma coligação com outros partidos e obter o maior consenso possível entre os parceiros sociais, a fim de vencer a crise que dia a dia se agrava. O PSD e o CDS terão novamente um papel importante a desempenhar num tal cenário. O último destes partidos deverá, para isso, seguir uma linha verdadeiramente democrata-cristã, à semelhança do pretendido desde 1974 por Freitas do Amaral, Amaro da Costa e outros seus fundadores. O PSD deverá correr com os incompetentes e anti-sociais-democratas que tem à frente e encontrar uma nova liderança identificada com a herança de Sá Carneiro, adaptada às circunstâncias actuais.-