sexta-feira, 26 de julho de 2013

SAI FRANQUELIM, ENTRA BRANQUINHO

O ex-militante do PCP e actualmente primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, parece ter uma grande atracção pela escolha para o seu governo de alguns seus ex-inimigos maoistas, que o apelidavam e aos seus ex-camaradas de "revisionistas", "sociais-fascistas" e "lacaios do social-imperialismo revisionista soviético".
O ministro da educação, Nuno Crato, pertenceu ao PCP(m-l), ao CMLP/PUP e ao PCP(R)/UDP.
O secretário de Estado da inovação e competitividade agora de abalada, Franquelim Alves, foi dirigente do MRPP. Entretanto, para secretário de Estado da segurança social entrou Agostinho Branquinho, mais um ex-jotinha laranja, em tempos militante do MRPP e do PCP(m-l).
Corria o final do Verão do ano de 1976 quando o MRPP, cumprindo um dos seus objectivos, convoca o seu I Congresso para o final daquele ano, a fim de fundar o "verdadeiro partido marxista-leninista-maoista", o Partido Comunista dos Trabalhadores Portugueses (PCTP/MRPP). A então direcção regional litoral do Norte do partido, denominada Zona Ribeiro Santos, com sede no Porto, liderada por Horácio Crespo, hoje militante do PS e professor universitário de Economia, discorda daquela convocatória, defendendo o abandono da via revolucionária seguida pelo partido de Arnaldo Matos, a aliança com as organizações maoistas que afirmavam a impossibilidade da revolução e a ligação com todas as forças anti-PCP, incluindo as mais conservadoras, como era o caso do PCP(m-l), liderado por Heduino Gomes, o "camarada Vilar".
O principal aliado de Horácio Crespo no Porto era Agostinho Branquinho, uma espécie de motorista e moço de recados daquele.
A apelidada pelo MRPP "pandilha do Crespo", incluindo o Branquinho, foi expulsa. Pouco após, Agostinho Branquinho aderia ao grupo vilarista (PCP(m-l), tornado numa espécie de public relations da China em Portugal, pois praticamente mais nenhuma actividade desenvolvia, não tendo qualquer crédito nos sindicatos, no associativismo estudantil ou outro movimento de massas.
Em 1980, o PCP(m-l) é extinto. Após os seus membros terem constituido o Partido Trabalhista (PT), também liderado pelo Heduino, o mesmo desapareceu em poucos anos. Heduino adere ao PSD em 1984, tendo sido chefe do gabinete de propaganda deste partido aquando da liderança de Mota Pinto.
Após a morte de Mota Pinto, tornou-se um obscuro militante, nada tendo hoje a ver, na prática, com o partido a que aderiu, pois insulta Sá Carneiro, defende Salazar, o seu regime e o colonialismo. Leia-se o seu blogue "Mais Lusitânia" e poderá ver-se como não exagero nada. Recordo apenas ter Heduino Gomes pertencido ao PCP, à FAP (Frente de Acção Popular), braço armado do CMLP (Comité Marxista-Leninista Português) e ao PCP(m-l), como acima se afirma. Recusou-se a fazer a guerra colonial, tendo fugido para França em meados dos anos 60.
Quando o PCP(m-l) acabou, Agostinho Branquinho aderiu ao PSD. No entanto, pertenceu sempre à sua ala direita. Quando esta, capitaneada por Cavaco Silva e Eurico de Melo, conspirou contra o governo de Pinto Balsemão, em 1981, teve um forte apoiante no então jovem Branquinho, o qual, numa atitude de mais papista que o papa, no Conselho Nacional do partido que reafirmou o apoio a Balsemão, rejeitou sozinho o mesmo.
Há pouco tempo, foi trabalhar para a famigerada Ongoing, regressando agora à política como secretário de Estado.
Os últimos ex-maoistas escolhidos por Passos Coelho têm, curiosamente, estado nos últimos anos em muito más companhias. Este na Ongoing, o Franquelim de Económicas, no BPN e na SLN.
Heduino Gomes, Vilar para os ex-camaradas, elogia o salazarismo. Agostinho Branquinho faz parte do governo mais à direita desde o 25 de Abril. Analisando os seus percursos, estão no caminho certo...         

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