quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

A FELICIDADE É UM ESTADO DE ALMA INDIVIDUAL

Quantas vezes o leitor já ouviu a expressão: "em que é que isso contribui para a nossa felicidade?". Normalmente, tal expressão é pronunciada por pessoas culturalmente limitadas, as quais desconhecem ser a felicidade um estado de alma individual e não colectivo. O que faz um ser humano feliz poderá fazer outro infeliz ou ser indiferente para uma ou mais pessoas.
As utopias da felicidade colectiva conduziram a grandes infelicidades e assassinatos em massa. O "paraíso" prometido pelos mentores dessas utopias tornou-se um inferno. Um seu antigo seguidor, ainda que por pouco tempo, de seu nome Pedro Passos Coelho, que, como estamos em época natalícia, certamente para expiação dos nossos pecados, continua a ser primeiro-ministro deste país, talvez ainda influenciado pelo finalismo histórico marxista, disse na mensagem dirigida aos portugueses, precisamente no dia de Natal, que o futuro "nos reserva dias felizes".
Como liberal que diz ser, embora o "liberalismo" moderno já não seja o que era, devia saber que o aumento de impostos previsto para 2013 afastará investimentos, liquidará muitas pequenas e médias empresas, aumentará o desemprego e, como se tem visto pela mesma receita aplicada em 2011 e 2012, ainda agravará mais a situação financeira nacional.
A única "felicidade" esperada desta situação é a que antigamente falava do "português pobrete, mas alegrete". É esse o caminho que nos espera se o actual govermo não fôr demitido e não se mudar de política, apostando na baixa dos impostos e em incentivos fiscais, com vista ao aumento do investimento e ao desafogo das pequenas e médias empresas, acompanhada de um corte efectivo das gorduras do Estado e na reforma do Estado Social, passando o acesso à saúde e ao ensino a ser pago de acordo com os rendimentos de cada família, permanecendo, no entanto, gratuito para quem tem rendimentos baixos. Obviamente, as despesas referentes àquelas prestações deverão ser deduzidas em termos fiscais.
Na segurança social, a partir dos ordenados superiores a 5 ou 6 salários mínimos, por exemplo, deverá ser concedida liberdade de escolha ao utente para optar, em regime de capitalização, pelo desconto para os sistemas público, privado, cooperativo ou social.
Também na saúde e no ensino, através do cheque-saúde ou cheque-educação, deverá ser garantida idêntica liberdade para escolherem os estabelecimentos de saúde e as escolas públicos ou privados a todos os utentes, para que o acesso a estes últimos deixe de ser um privilégio dos ricos.
Isto é o verdadeiro liberalismo. A política passista-portista não é liberal, social-democrata ou democrata-cristã, mas uma operação de subtracção de riqueza de quem tem pouco ou é remediado para os que têm muito. Desta forma, como nas utopias em que Passos Coelho acreditou nos seus verdes anos, teremos poucos portugueses felizes e a maioria dos seus conterrâneos a viver como (ou ainda pior) há 50 ou 60 anos.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

BOAS FESTAS

O Natal está próximo. Sobre esta data festiva publicamos um poema de Fernando Pessoa.
A todos os colaboradores e leitores deste blogue apresentamos votos de um Feliz Natal e um bom Ano Novo, pelo menos no tocante a saúde, porque quanto ao resto, vamos de mal a pior, como poderemos constatar em 2013.

Natal… Na província neva.
Nos lares aconchegados,
Um sentimento conserva
Os sentimentos passados.

Coração oposto ao mundo,
Como a família é verdade !
Meu pensamento é profundo,
Estou só e sonho saudade.

E como é branca de graça
A paisagem que não sei,
Vista de trás da vidraça
Do lar que nunca terei !

Fernando Pessoa

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

DESTACADO DIRIGENTE SENDERISTA CONVERTE-SE À DEMOCRACIA PARLAMENTAR

Óscar Ramirez, o “camarada Feliciano”, antigo dirigente e líder após a prisão de Abimael Guzzman (Gonzalo), do Partido Comunista do Perú (PCP), mais conhecido por Sendero Luminoso, converteu-se na prisão à democracia parlamentar.
Óscar Ramirez, actualmente com 59 anos, é filho de um general do exército peruano na reserva. Dotado de rara inteligência e nível intelectual, foi um excelente aluno desde o ensino básico até à universidade. Nesta, estudou engenharia, tendo abandonado o curso, nos primeiros anos, no início da década de 70, para se tornar revolucionário profissional, segundo o conceito leninista da expressão. Deixou a mulher e quatro filhos. Antes de romper com o ambiente em que vivia disse ao seu pai: ”tem que haver uma revolução no Perú. O pai está com as forças da repressão.” Então, o general respondeu: “se um dia nos encontrarmos num campo de batalha, dispara primeiro, que eu não tenho coragem de atirar em ti, que és meu filho”.
Posteriormente, veio a ser um dos principais dirigentes do PCP e da guerrilha dirigida pelo mesmo.
Quando Abimael Guzzman e a maioria dos membros do Comité Central (CC) do partido foram presos, em 1992, foi constituída uma nova direcção da organização, que passou a ter como presidente precisamente Óscar Ramirez (Feliciano). A sua nova companheira, Margie Calvo Peralta (Nancy) passou também a ser uma das principais responsáveis da guerrilha maoista peruana.
Enquanto da prisão, Abimael Guzzman, a sua companheira, Elena Iparraguirre (Miriam) e outros dirigentes senderistas escreviam uma carta ao então presidente Fujimori, a propôr conversações de paz, os seguidores do presidente Feliciano recusaram abdicar da luta armada, afirmando ser a carta referida “uma patranha” do ditador mais tarde demitido por crimes contra a humanidade e por roubar.
Em 1999, Feliciano é também preso. Na cadeia, passou a defender um acordo de paz, à semelhança dos seus camaradas antes detidos.
No julgamento dos dirigentes senderistas realizado já em democracia, Feliciano foi condenado numa pena de 24 anos de prisão. Esta foi uma das penas mais leves. Gonzalo, Miriam e outros membros do CC foram condenados a prisão perpétua.
A pena aplicada ao segundo líder do PCP deveu-se à sua colaboração com o Tribunal e à denúncia que fez das atrocidades ordenadas por Abimael Guzzman e a sua cara metade.
Na prisão, concedeu uma entrevista, na qual afirmou ter abandonado o Partido Comunista do Perú, defendeu o fim da violência revolucionária, propondo-se servir de interlocutor entre as autoridades e os seus ex-camaradas, autocriticou-se por ter dirigido uma guerrilha responsável por cerca de 25 000 mortes, considerando não ser esse o caminho para uma sociedade mais justa, mas a via democrática e eleitoral. Disse ainda serem Abimael Guzzman, Elena Iparraguirre e a primeira mulher da “quarta espada do marxismo-leninismo-maoismo”, Augusta de la Torre (Norah), uns psicopatas estalinistas e assassinos.
Nessa entrevista afirmou ainda a sua conversão à democracia parlamentar, citando uma frase de Churchill: “a democracia é o pior dos sistemas, com excepção de todos os outros”.
Um histórico do Sendero, que chegou a ser seu líder, concluiu ter falhado a revolução comunista-maoista no Perú, país onde a maioria da população é pobre ou miserável. Não pensem os maoistas da nossa praça, do PCTP/MRPP, os seus dissidentes do Círculo Revolucionário/Bandeira Vermelha/Página Vermelha, ou da UCR (União Comunista Revolucionária), os quais já estarão a ranger os dentes e a apelidar Óscar Ramirez de traidor, renegado, oportunista, etc, que apesar das injustiças praticadas pelos actuais governantes, serventuários da pior face do capitalismo, o poder lhes cairá nas mãos, dando lugar à constituição de “um governo de esquerda democrático patriótico”, como afirma a propaganda do primeiro destes partidos.
Que o governo Passos/Portas tem os pés para a cova é um facto. Muito provavelmente não cumprirá a presente legislatura, mas a alternativa a esta política inserir-se-á nas novas ideias do vosso e meu ex-camarada Feliciano.

PS: Sir Karl Popper, um comunista convertido ao liberalismo, afirmou um dia: “todo o esquerdista é um liberal em potência”. Se hoje cá estivesse, condenaria, certamente, os falsos liberais nacionais e estrangeiros que tantos estragos causam à ideologia que afirmam defender.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

OS IMITADORES DO NAZI GOERING

No meio da mediocridade e imbecilização televisivas, sempre convenientes a detentores do poder que estão para a Política como a música pimba para a Música, o canal 2 da RTP tem primado por uma qualidade acentuada. Um dos seus melhores programas é "Câmara Clara".
Aquele programa vai acabar. Ao seu fim não é certamente alheia a tutela do licenciado de farinha amparo, como disse um dia o seu companheiro Marcelo Rebelo de Sousa por José Sócrates, Miguel Relvas, pessoa que nunca mostrou qualquer formação cultural e intelectual, tal como o seu chefe de governo, que até inventa obras de Sarte, que o autor de "Náusea" nunca publicou.
Estes tipos, além de falta de sensibilidade social, têm desprezo pela cultura e pelos intelectuais. Apesar das distâncias político- ideológicas,  fazem lembrar o ministro nazi da Defesa, Goering, que afirmava: "quando ouço falar de cultura, apetece-me puxar da pistola". Há uns possuidores de mentes retrógradas na nossa região que, ainda que por outras palavras, dizem o mesmo que aquele servidor da besta nazi.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

ELES NÃO SE ENTENDEM? OBVIAMENTE DEMITAM-SE

O governo  é cada vez mais um poço de contradições, ilusões e mentiras.
O ministro da Economia afirma ser necessário apostar no investimento e no crescimento, pois apenas austeridade conduz à recessão. Chegou tarde a esta conclusão, mas mais vale tarde que nunca. De seguida, em entrevista televisiva, o primeiro-ministro diz que o país não pode afastar-se da austeridade. Quanto ao crescimento, aos costumes disse nada.
Na mesma entrevista, Passos Coelho insinuou que os portugueses teriam que passar a pagar propinas pelos estudos dos seus filhos no ensino secundário, agora obrigatório. Tal não acontece em nenhum outro país da UE. Logo, vem o ministro Crato afirmar que a gratuitidade daquele ensino não está em causa.
O CDS está claramente com um pé dentro e outro fora do governo.
O "guru" da economia e finanças, fracassado nos objectivos que propôs, insistindo, no entanto, no mesmo método, Vitor Gaspar, aproveitou o recente benefício concedido à Grécia para reclamar o mesmo para Portugal, no parlamento. Bastou que os ministros das Finanças da Alemanha e da França dissessem não serem tais benefícios extensivos ao nosso país e à Irlanda - afinal, Durão Barroso e Van Rompuy não riscam mesmo nada na UE - para Gaspar recuar, dando-lhes razão, abdicando de defender o interesse nacional e dizer que não disse o que disse. Foi tudo má interpretação da comunicação social...
Nem no governo de Santana Lopes, de má memória, se viu tanto desentendimento, mediocridade, incompetência e aldrabice mental. Se eles não se entendem e, cantando e rindo, prejudicam o país e os seus cidadãos, obviamente demitam-se.
Substitua-se esta gente por um governo de salvação nacional, constituido pelos partidos do arco constitucional e/ou independentes. Há no PSD pessoas competentes e preparadas para um melhor desempenho  governamental, que poderão encabeçar esse governo.
Passos Coelho, como também dizia Humberto Delgado, na sua campanha para Presidente da República, em 1958, a propósito de Salazar e seus sequazes, "cansou-nos! Reforme-se!".

PS:  passam hoje 32 anos sobre a morte de Sá Carneiro, Amaro da Costa e seus acompanhantes, em Camarate. No ano passado, o PSD e o CDS mandaram celebrar uma missa pelos então falecidos, na qual participaram Passos Coelho, Paulo Portas, diversos responsáveis dos seus partidos e muitos socialistas. Creio que o próprio Mário Soares, mesmo não sendo crente, participou na liturgia. Hoje, que haja conhecimento, não decorrerá qualquer homenagem nacional àqueles democratas e patriotas. Este comportamento dos partidos governamentais mostra não acreditarem na social democracia e na democracia cristã defendidas por aqueles Homens. Por outro lado, ainda bem que assim procedem, pois os principais defensores do pior que o capitalismo tem homenagearem-nos seria um insulto à sua memória.