terça-feira, 9 de novembro de 2010

O QUE PRETENDE CAVACO SILVA ?

Em mensagem divulgada no “facebook” e no “twiter”, o Senhor Presidente da República afirmou estar desgostoso com a fraca qualidade da classe política e com o facto de pouca gente ouvir debates políticos.
Que o nível da classe política tem baixado significativamente em relação ao pós-25 de Abril é uma verdade. Que muita gente de fraca qualidade intelectual e até ética está na política, não por causas, mas por interesses próprios e dos seus familiares, é uma constatação. Que alguma dessa gente rodeou o Prof. Cavaco Silva quando era primeiro-ministro, todos sabemos. Veja-se quem é suspeito e/ou arguido no caso BPN.
Mas a preocupação de Cavaco Silva terá apenas a ver com aqueles factores? Porque surgiu a mesma em cima das próximas eleições presidenciais às quais é, de novo, candidato? Constituirá um sinal de que o possível segundo mandato do presente inquilino de Belém poderá ser diferente, tendo um protagonismo condicionador do PSD, fazendo-o regressar a um passado não distante, falhado? Pretenderá Sua Exª, a partir da Presidência, atrair sectores do PSD e do PS para a criação de uma nova força política, contra os partidos existentes e acima das ideologias, à semelhança do que Eanes, curiosamente presidente da sua Comissão de Honra, fez também no seu segundo mandato?
A propósito, recordamos uma expressão de Francisco Sá Carneiro “os inimigos da democracia portuguesa são o general Eanes e o PCP”. A candidatura do general Soares Carneiro, apoiada pela AD, tinha como objectivo derrotar Eanes nas eleições presidenciais de 1980, dado o mesmo fazer tudo para impedir a construção de um Portugal moderno e justo, como pretendia aquela coligação e os seus responsáveis. A recordação aqui fica para informação dos mais novos e, como costuma dizer Pacheco Pereira, “dinamitar o cérebro” dos menos jovens.

PS: apesar da minha posição crítica face a Cavaco Silva, irei votar na sua candidatura. Não por acumulação de certezas, como facilmente se conclui, mas por exclusão de partes, tendo em conta a grave situação em que Portugal se encontra.