sábado, 24 de dezembro de 2011

SE CRISTO VOLTASSE À TERRA

Na próxima noite comemora-se o nascimento de Cristo. A Sua missão era simultaneamente divina e humana. Como Filho de Deus, veio resgatar os pecados dos homens, morrendo por eles, pregado numa cruz. No entanto, a Sua mensagem também era para o mundo, na defesa da Verdade, da Justiça Social e da Liberdade, numa palavra: na prática do bem como forma de salvar a humanidade. Por isso, foi perseguido e morto pelos poderosos daquele tempo, desde os romanos aos sumos sacerdotes judaicos.
E se hoje Cristo voltasse à Terra? Como reagiriam os "comedores de dinheiro" - recordando uma canção de Adriano Correia de Oliveira - detentores do poder económico que manda numa boa parte do mundo, especialmente no Ocidente, os quais, subvertendo as regras da democracia, destruindo as forças produtivas, exigindo, no que são prontamente atendidos pelas classes políticas medíocres dominantes, o fim de direitos ancestrais de quem vive apenas do seu salário? Se ouvissem Jesus dizer novamente "é mais fácil um camelo passar no fundo de uma agulha que um rico entrar no reino do Céu", qual seria a sua atitude? Deixo as perguntas. Que cada um encontre a resposta que melhor entender.
A todos os colaboradores e leitores deste blogue, desejo um Feliz Natal e, na medida do possível, um bom 2012.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

FALECERAM VACLAV HAVEL E KIM JONG IL

Faleceram, recentemente, Vaclav Havel e Kim Jong Il. O primeiro foi chefe de Estado da Checoslováquia e da República Checa, eleito pelo povo, e defendia a democracia liberal. O segundo liderava o Partido Comunista e a república norte-coreanos, tendo sido escolhido pelos "iluminados" do Comité Central daquele partido, sob indicação do seu pai e anterior ditador, Kim Il Sung. O sucessor de Kim Jong Il será um seu filho. Estamos perante uma dinastia marxista. Marx não terá certamente previsto que tal acontecesse em seu nome.
Kim Jong Il era comunista. Vaclav Havel era anti-comunista.
Havel foi um intelectual empenhado na defesa da liberdade e no combate à tirania comunista, muito especialmente após a invasão do seu país pelas tropas do Pacto de Varsóvia em 1968.
Em 1977, assinou a célebre Carta 77, um manifesto de intelectuais opositores do regime comunista. Esta coerência teve grandes e graves custos para este dramaturgo, pois passou vários anos atrás das grades.
Mas, como dizia num seu poema António Aleixo, "a razão, mesmo vencida, não deixa de ser razão". A chamada revolução de veludo de 1989 na Checoslováquia, que na sequência da queda do muro de Berlim e dos vários regimes totalitários de esquerda no leste, o que, há que reconhecer, se deveu essencialmente à política reformista de Gorbatchev, foi liderada por Havel, o qual seria eleito Presidente da República por larga maioria dos checoslovacos.
Quando começaram significativas manobras no sentido da separação da Eslováquia dos checos, Havel promoveu um referendo naquela zona da ex- Checoslováquia, o qual determinou a sua independência.
Com Havel e outros democratas, a Checoslováquia transitou de uma economia de direcção central para uma economia de mercado sem sobressaltos, permitindo uma melhoria significativa do nível de vida dos seus cidadãos. É que ali, o Estado não abdicou do seu carácter regulador e as privatizações foram efectuadas de forma transparente. Bom seria que certos "liberais" que nos governam seguissem o mesmo exemplo nas privatizações da EDP, da REN e outras empresas...
Vaclav Havel foi um defensor da liberdade e da democracia. Todos os amantes destes valores se curvam perante a sua memória.
Kim Jong Il não passou, como o seu progenitor, de um ditador estalinista. Não é necessário falar da fome que os norte-coreanos passam, morrendo, em consequência da mesma, aos milhares, enquanto o chefe morto e seus capangas sempre viveram no luxo. Como dizia Orwell, em regimes deste jaez, "todos são iguais, mas alguns são mais iguais que os outros". Basta ver o choro forçado de imensos norte-coreanos exibido nas televisões, com medo que o vizinho, potencial PIDE local, os denunciasse, para se constatar o que é a vida num regime concentracionário e totalitário.
Alguns jovens que, por desespero, com falta de emprego e sem perspectivas de futuro, aderem a organizações esquerdistas, é bom que saibam que se os que os manipulam fossem poder, seriam Kims, Maos, Estalines ou mesmo Pol Pots. Quem vos avisa conhece bem alguns desses "revolucionários" de pacotilha que vos manipulam e dos quais vós seríeis, com o vosso idealismo, algumas das vítimas, talvez as primeiras.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

PC FOI DO PC

Quando recentemente Pacheco Pereira, na "Quadratura do Círculo", criticou a política do primeiro ministro Passos Coelho, logo alguns laranjinhas ensinados de nascença disseram: "uma vez comunista, sempre comunista". Também por mim, que, como Pacheco Pereira, fui comunista de linha maoista, já foram feitas afirmações e insinuações do mesmo género. Basta ver o post anterior a este no "Mais São Pedro do Sul".
Há uma certa direita para a qual quem a criticar e aos seus é comunista. Infelizmente, alguma dessa direita ignorante e acéfala acoita-se no Partido Social Democrata. Pois então, fiquem esses "direitinhas" a saber que o seu actual líder e chefe do governo, Passos Coelho (PC) pertenceu, na adolescência, no final dos anos 70 do século passado, ao PC (Partido Comunista) e às suas organizações União dos Estudantes Comunistas (UEC) e Juventude Comunista Portuguesa (JCP). Na qualidade de militante dessas organizações, participou num congresso onde Álvaro Cunhal esteve presente, tendo completado, aliás, nesse dia, 66 anos. Passos Coelho foi um dos jovens comunistas que mais enfaticamente vitoriaram o então secretário-geral do seu partido.
Nesse tempo, nós, maoistas, combatíamos o PCP e a URSS, que apelidávamos de social-imperialista. Considerávamo-los inimigos principais. No PREC, o partido a que pertenci (MRPP) fez alianças tácticas com o PS e o PPD, actual PSD, para derrotarmos o projecto de Álvaro Cunhal. Anos mais tarde, PC pertencia ao PC. Após a invasão da Checoslováquia e da Hungria pela URSS.
Olhando para a acção de Pedro Passos Coelho, esse sim, parece manter os ensinamentos bebidos no PC e na UEC. O seu seguidismo relativamente a Angela Merkel faz lembrar a teoria da "soberania limitada", da autoria de Leonid Brejnev, líder do PCUS e da URSS aquando da militância comunista do adolescente hoje presidente do Conselho de Ministros.