quinta-feira, 14 de julho de 2011

O CAPITALISMO É UM SISTEMA AMORAL E INJUSTO

Quem proferiu a frase que dá título ao presente post? Marx? Lenine? Estaline? Mao? Ché Guevara? Herbert Marcuse? Não, foi o intelectual ex-comunista, convertido ao liberalismo, Mário Vargas Llosa. Fê-lo, há muitos anos, a propósito do escândalo com a ENRON. Mais dizia o actual prémio Nobel da literatura que o capitalismo, apesar daquela perversidade, foi, desde sempre, o melhor sistema económico para criar riqueza e emprego, bem como possibilitar uma vida digna aos trabalhadores, DESDE QUE REGULADO PELO REGIME DEMOCRÁTICO ASSENTE NA VONTADE POPULAR.
O capitalismo foi adoptado por forças reaccionárias e democráticas. Desde sempre houve um capitalismo selvagem e um capitalismo de rosto humano. Este último foi posto em prática nas democracias do mundo inteiro. O "casamento" da democracia com o capitalismo, como afirma o também liberal e militante do PSD, ex-ministro das Finanças, Braga de Macedo, garantiu a democracia, as liberdades fundamentais e o melhor nível de vida para os operários e demais trabalhadores.
A democracia e o também chamado (justamente) capitalismo inteligente levaram à queda do comunismo e do estatismo económico, há duas décadas. Os próprios partidos socialistas endossaram este sistema, o que constituiu um dos motivos para cada vez fazer menos sentido falar em direita e esquerda na política.
Tudo parecia ir no bom sentido. Há 20 anos, dizia-se: "queiram ou não fascistas e comunistas, estamos "condenados" à democracia". Francis Fukuyama falava mesmo no "fim da História, com a vitória das democracias liberais".
No entanto, o capitalismo selvagem, pensando que com o fim do comunismo poderia voltar a impôr-se, levanta novamente a cabeça, sendo vigorosamente denunciado, nos anos 90 do século passado, pelo saudoso Papa João Paulo II, o qual chegou a afirmar ter o comunismo, que sentiu na pele na Polónia, um papel positivo: obrigar o capitalismo a democratizar-se, respeitar os pobres, os trabalhadores, aqueles que nada mais têm para viver do que o seu salário.
O que vemos hoje MESMO NOS PAÍSES CAPITALISTAS MAIS DESENVOLVIDOS? O poder político cada vez mais entregue a tecnocratas e medíocres, submetidos ao poder económico, que na realidade manda. O seu voto, caro leitor, pouco ou nada conta perante as agências de rating e o alto capitalismo financeiro que domina o mundo e procura destruir os países em dificuldades como Portugal, Grécia ou Irlanda, agravando as condições de vida já precárias de importantes sectores da população e criando novos pobres entre quem já pertenceu à classe média.
Nos países mais ricos também já se verifica aquela situação. Na Alemanha, os salários dos trabalhadores estão congelados há 15 anos. Como a economia daquele país tem crescido de forma sustentada, quem usufruiu do desenvolvimento foi o patronato, agravando-se assim as desigualdades sociais e perdendo os trabalhadores poder de compra. O mesmo acontece, há muito, nos EUA. Uma das consequências paradoxais desta política é a destruição do próprio sistema financeiro e das forças produtivas. Este alto capitalismo sem escrúpulos caminha para a implosão. A História repete-se. No século XIX, ao qual estamos a regressar em termos sociais, o capitalismo dominante deturpou o liberalismo. Recordamos, a propósito, que o "pai" do liberalismo económico, Adam Smith, falava, em meados dos séc XVIII, na criação de uma rede social abaixo da qual ninguém poderia cair. Em nome do liberalismo, nos nossos dias, tem-se praticado uma selvajaria mafiosa, económica e social, que de liberal nada tem.
Em Portugal, temos o governo mais liberal de sempre. Caso seja capaz, além de salvar o país da bancarrota, de regular a necessária libertação da sociedade civil, travando a amoralidade de um certo capitalismo que só não vê quem não quer, faço votos que tenha sucesso e se mantenha até tudo mudar na edificação de um Portugal moderno e socialmente mais justo. Caso se deixe dominar por "lobbies" económicos nada honestos, os quais têm as suas antenas também no PSD e no CDS, desejo a sua implosão, à semelhança do que está a acontecer com um sistema económico sem ética.
A terminar e para reflectir, deixamos algumas frases de grandes revolucionários.
Karl Marx: "as contradições do capitalismo levá-lo-ão à sua destruição", "com o desenvolvimento do capitalismo, as classes médias desaparecerão, concentrando-se a riqueza nas mãos da grande burguesia", "proletários de todos os países, povos e nações oprimidas do mundo, uni-vos. Nada tendes a perder, a não ser as cadeias da opressão".
Lenine: "o capitalismo vender-nos-á a corda com que o havemos de enforcar", "para combater o inimigo principal, devemos aliar-nos ao inimigo secundário. Liquidado o inimigo principal, o inimigo secundário transformar-se-á automaticamente em inimigo principal. Assim, abateremos os nossos inimigos um a um, até à vitória final", "com a ajuda dos idiotas úteis dominaremos o mundo", "o dinheiro não tem ideologia".
Mao Tsé Tung: "uma só faísca pode incendiar toda a pradaria".
Engels: "a violência é a parteira da História".

sexta-feira, 8 de julho de 2011

ALGUMAS QUESTÕES SOBRE DITOS E ACONTECIMENTOS RECENTES

O líder da UGT, João Proença, disse, recentemente, que o imposto extraordinário sobre o 13º mês agrava as desigualdades sociais.
Como assim, se os trabalhadores no activo e os reformados com ordenados e pensões iguais ou inferiores ao salário mínimo nacional ficam isentos daquele imposto?
Como assim, se quem recebe acima daquele montante descontará metade do que ao mesmo acresce? Qualquer aluno do ensino básico conclui que os mais pobres nada descontarão e entre os sujeitos a tal imposto, quem mais ganha mais paga. Onde está o agravamento, neste aspecto, das desigualdades sociais? Sugerimos ao sr. ministro da Educação que crie um curso especial de aritmética e matemática para certos sindicalistas. Dará, certamente, um grande contributo para uma melhor formação desses representantes dos trabalhadores, os quais poderão ser mais realistas e dizer menos asneiras, atraindo mais gente aos sindicatos. Por estas e por outras compreendemos o afastamento dos trabalhadores dos sindicatos, o que não ajuda nada a democracia.
Já agora, onde estava João Proença quando Sócrates cortou o abono de família aos mais ricos (o que apoiamos, pois dele não precisam), mas também às classes média e média baixa? Quando o mesmo Sócrates aumentou o preço dos medicamentos, incluindo para quem vive com pensões muito abaixo do salário mínimo nacional? Quando os socialistas estão no poder aceita injustiças como aquelas, fazendo lembrar um slogan lançado por Chiang Ching, mulher de Mao Tsé Tung, nos anos 60 do século passado, aquando da "Grande Revolução Cultural Proletária", o qual afirmava: "antes erva socialista que manteiga capitalista?" A erva a que se referia era mesmo a erva destinada aos animais irracionais e não a do pessoal da "passa".
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A agência de rating Moody's, que deu altas notações ao Lehman Brothers e à Islândia nas vésperas das falências daquele banco e daquele país, resolveu, com a notação dada a Portugal, pôr o nosso país ao nível do lixo, como fez anteriormente com a Grécia. Numa altura em que o governo e o parlamento gregos aprovaram mais um pacote patriótico e altamente impopular para evitar a bancarrota, e o governo português adopta medidas igualmente patrióticas e difíceis, a fim de atingir o mesmo objectivo.
Curiosamente, aquela agência americana, numa atitude "mais papista que o Papa", atribuiu um triplo A à economia americana numa altura em que o próprio presidente Obama considera a situação económico-financeira dos EUA muito difícil e apela à oposição republicana para colaborar com o governo democrata, a fim de travar o endividamento.
Mais que um ataque ao euro, as atitudes de várias agências de rating mais não pretendem que calcar aos pés (é o termo apropriado) e humilhar os países mais pobres, fazendo lembrar o capitalismo selvagem de outros tempos, bem como um extracto da canção "Rosalinda", de Fausto, quando afirma "os que mandam no mundo/ só vivem querendo ganhar/mesmo matando aquele que morrendo/vive a trabalhar".
Como dizia, há talvez 10 anos, o prémio Nobel da literatura, Mário Vargas Llosa, liberal em matéria política, económica e de costumes (como o autor destas linhas), "o poder económico domina o poder político, o que poderá pôr em perigo a democracia". Mais dizia que o verdadeiro liberalismo implica a regulação do poder económico pelo poder político eleito democraticamente. Lamentavelmente, entre governantes dos países democráticos mais desenvolvidos, como os EUA, os constituintes da UE, o Japão, o Canadá, a Austrália, a Nova Zelândia, etc, não se vê quem se levante contra a desumanidade de certo capital, procurando regular os mercados, à semelhança do que têm defendido o actual e o anterior Papas.
Deixamos a pergunta: se estivéssemos no tempo da guerra fria, existisse a URSS e o muro de Berlim estivesse de pé, haveria estes abusos por parte de certos empresários e especialmente de certo capitalismo financeiro?