sexta-feira, 8 de julho de 2011

ALGUMAS QUESTÕES SOBRE DITOS E ACONTECIMENTOS RECENTES

O líder da UGT, João Proença, disse, recentemente, que o imposto extraordinário sobre o 13º mês agrava as desigualdades sociais.
Como assim, se os trabalhadores no activo e os reformados com ordenados e pensões iguais ou inferiores ao salário mínimo nacional ficam isentos daquele imposto?
Como assim, se quem recebe acima daquele montante descontará metade do que ao mesmo acresce? Qualquer aluno do ensino básico conclui que os mais pobres nada descontarão e entre os sujeitos a tal imposto, quem mais ganha mais paga. Onde está o agravamento, neste aspecto, das desigualdades sociais? Sugerimos ao sr. ministro da Educação que crie um curso especial de aritmética e matemática para certos sindicalistas. Dará, certamente, um grande contributo para uma melhor formação desses representantes dos trabalhadores, os quais poderão ser mais realistas e dizer menos asneiras, atraindo mais gente aos sindicatos. Por estas e por outras compreendemos o afastamento dos trabalhadores dos sindicatos, o que não ajuda nada a democracia.
Já agora, onde estava João Proença quando Sócrates cortou o abono de família aos mais ricos (o que apoiamos, pois dele não precisam), mas também às classes média e média baixa? Quando o mesmo Sócrates aumentou o preço dos medicamentos, incluindo para quem vive com pensões muito abaixo do salário mínimo nacional? Quando os socialistas estão no poder aceita injustiças como aquelas, fazendo lembrar um slogan lançado por Chiang Ching, mulher de Mao Tsé Tung, nos anos 60 do século passado, aquando da "Grande Revolução Cultural Proletária", o qual afirmava: "antes erva socialista que manteiga capitalista?" A erva a que se referia era mesmo a erva destinada aos animais irracionais e não a do pessoal da "passa".
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A agência de rating Moody's, que deu altas notações ao Lehman Brothers e à Islândia nas vésperas das falências daquele banco e daquele país, resolveu, com a notação dada a Portugal, pôr o nosso país ao nível do lixo, como fez anteriormente com a Grécia. Numa altura em que o governo e o parlamento gregos aprovaram mais um pacote patriótico e altamente impopular para evitar a bancarrota, e o governo português adopta medidas igualmente patrióticas e difíceis, a fim de atingir o mesmo objectivo.
Curiosamente, aquela agência americana, numa atitude "mais papista que o Papa", atribuiu um triplo A à economia americana numa altura em que o próprio presidente Obama considera a situação económico-financeira dos EUA muito difícil e apela à oposição republicana para colaborar com o governo democrata, a fim de travar o endividamento.
Mais que um ataque ao euro, as atitudes de várias agências de rating mais não pretendem que calcar aos pés (é o termo apropriado) e humilhar os países mais pobres, fazendo lembrar o capitalismo selvagem de outros tempos, bem como um extracto da canção "Rosalinda", de Fausto, quando afirma "os que mandam no mundo/ só vivem querendo ganhar/mesmo matando aquele que morrendo/vive a trabalhar".
Como dizia, há talvez 10 anos, o prémio Nobel da literatura, Mário Vargas Llosa, liberal em matéria política, económica e de costumes (como o autor destas linhas), "o poder económico domina o poder político, o que poderá pôr em perigo a democracia". Mais dizia que o verdadeiro liberalismo implica a regulação do poder económico pelo poder político eleito democraticamente. Lamentavelmente, entre governantes dos países democráticos mais desenvolvidos, como os EUA, os constituintes da UE, o Japão, o Canadá, a Austrália, a Nova Zelândia, etc, não se vê quem se levante contra a desumanidade de certo capital, procurando regular os mercados, à semelhança do que têm defendido o actual e o anterior Papas.
Deixamos a pergunta: se estivéssemos no tempo da guerra fria, existisse a URSS e o muro de Berlim estivesse de pé, haveria estes abusos por parte de certos empresários e especialmente de certo capitalismo financeiro?

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