terça-feira, 29 de outubro de 2013

TUDO TEM O SEU TEMPO

Há uma década que colaboro na blogosfera sampedrense.
À excepção do CARICAS, os demais blogues locais desapareceram ou raramente publicam algum post. O mesmo acontece um pouco por todo o país.
Os blogues já tiveram o seu tempo. É visível muito menor frequência destes órgãos de comunicação.
A partir de hoje, deixo de publicar textos - era o único a fazê-lo há anos - no "Mais São Pedro do Sul", passando apenas a colaborar na imprensa local, como tenho feito.
Agradeço aos leitores a paciência que comigo tiveram durante quase 4 anos.
Por fim, agradeço ao meu amigo Dr. Daniel Martins o espaço que aqui me concedeu.

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

AMIZADES E SUBMISSÕES

Numa entrevista concedida, há cerca de um quarto de século, ao jornal da sua organização, "Diário", o líder do Partido Comunista do Perú, mais conhecido por Sendero Luminoso, Abimael Guzzman, a uma pergunta sobre se tinha amigos, respondeu "não tenho. Tenho camaradas, bons camaradas". Esta expressão, além de demonstrar que para este intelectual e dirigente revolucionário a amizade nada conta, nem qualquer outro sentimento individual, mas apenas a camaradagem e a realização da revolução, tinha outro significado: avisar os ditos camaradas que não eram seus amigos e, se pisassem o risco, sabiam o que os esperava.
Ontem, durante um debate parlamentar, em resposta a uma acusação do líder do PCP, Jerónimo de Sousa, de que o governo servia os seus amigos banqueiros, Pedro Passos Coelho afirmou não ter o governo amigos.
Entre os pobres e a classe média não se vê, de facto, amizade ou simpatia pelo executivo de Passos Coelho. Só por masoquismo se pode gostar de um governo que, além de tudo que já fez contra estas camadas da população, na proposta do OGE/2014 corta salários e pensões a partir de 600,00 euros, mantém o IRS e o IVA elevados e prevê um desemprego ainda maior, enquanto baixa o IRC em 2%. Pouco antes, o vice-primeiro-ministro, Paulo Portas, pessoa conhecidíssima pela sua coerência, dizia não serem necessárias mais medidas de austeridade.
Diz o governo que a baixa do IRC estimula a economia. Como, se a população continua a perder poder de compra, tendo menos dinheiro para adquirir os produtos fabricados pelas empresas? Incentivando as exportações, diz o governo. Só que, 95% das empresas são PMEs. A sua esmagadora maioria vive do mercado interno. Logo, esta baixa do IRC, sem a diminuição do IRS e do IVA, e tendo em conta o corte de salários e pensões, apenas beneficia as grandes empresas, prosseguindo a liquidação de muitas das pequenas e médias. Mais uma demonstração do carácter de classe do governo Passos/Portas!
Aqui chegados, parece que os amigos do governo são os banqueiros e os grandes industriais. Nem sempre o que parece é. A relação entre uns e outros não é de amizade, mas de submissão do governo ao poder económico, que utiliza aquele, mas não vê os seus membros como amigos, até porque não são dos seus.

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

ALEMANHA RICA, ALEMANHA POBRE

Na Revista da última edição do "Expresso", vinha uma reportagem sobre Leipzig, cidade alemã integrante da ex-RDA.
Ali era afirmado que a taxa de desemprego naquela cidade é de cerca de 11% da população activa, 14% dos seus habitantes têm um apoio da segurança social semelhante ao nosso RSI e o número de pessoas a viver abaixo do nível de pobreza é de 21%.
É esta a outra face da Alemanha, a Alemanha pobre. A mesma reportagem refere haver desprezo na parte ocidental do país relativamente aos habitantes da antiga RDA. Curiosamente, a Srª Merkel nasceu na RDA e militou no seu partido comunista.
Antes da queda do muro de Berlim, não havia liberdade na RDA. A riqueza deste país equivalia a metade da riqueza da RFA. No entanto, a RDA era o país com melhor nível de vida no leste da Europa. Os seus cidadãos tinham emprego, saúde e educação garantidos.
As consequências da passagem das sociedades socialistas totalitárias para a democracia e o capitalismo também foram estas. Está aqui a explicação para a força eleitoral que os ex-comunistas têm no leste alemão ou para os húngaros terem eleito um governo de extrema-direita que diariamente comete atentados contra a democracia.

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

ELEIÇÕES AUTÁRQUICAS EM 10 PONTOS

1º - No passado dia 29 de Setembro, os portugueses mostraram um cartão vermelho ao governo e à sua política, obtendo o PSD a maior derrota de sempre em eleições autárquicas. Até na Madeira o PS ganhou em mais municípios que aquele partido. Alberto João Jardim está no ocaso do seu poder.
2º - O CDS, que continua com um pé dentro e outro fora do governo, não foi penalizado como o PSD, tendo obtido a presidência de 5 câmaras (mais quatro que em 2009).
3º- O PS foi o grande vencedor, consolidando António José Seguro a sua liderança. A táctica deste partido de não criar, no período eleitoral, elevadas expectativas mostrou estar correcta, contrariamente ao então afirmado por vários analistas e comentadores políticos.-
4º - O PCP voltou a ultrapassar os 10% e a recuperar câmaras importantes como Évora, Beja ou Loures.
5º - O BE registou uma acentuada descida de votos, perdendo para o PS a única câmara que detinha. Mostrou também não ter uma máquina local eficaz como, por exemplo, o PCP.
6º - A soma da abstenção, dos votos nulos e brancos ultrapassa 50% do eleitorado. Este facto é demonstrativo do sentimento que paira no país contra os partidos do sistema. Aliás, onze listas independentes venceram em igual número de câmaras, entre as quais Porto, Oeiras, Portalegre e Matosinhos.
7º - O PSD não tirou as devidas ilações destes resultados. Mostrou encontrar-se, tal como o governo, no qual é o principal partido, completamente isolado e repudiado junto da população. No entanto, numa atitude perfeitamente esquizofrénica, reagiu como se nada se tivesse passado. No Conselho Nacional que se seguiu ao acto eleitoral, não foi analisado o porquê da derrota. A preocupação dos srs. conselheiros laranjas foi propôr uma política de "caça às bruxas" relativamente aos críticos da estratégia falhada. Eis mais uma prova de que a maioria esmagadora do aparelho do PSD está com esta política de traição à social-democracia e à herança de Francisco Sá Carneiro.
Quem quiser lutar pela realização da social-democracia em Portugal terá de fazê-lo em outra sede.

NOVO CICLO EM S. PEDRO DO SUL


8º - Aquando da vitória do PSD e do Dr. António Carlos Figueiredo nas eleições autárquicas de 2001, em artigo publicado no jornal "Notícias de Lafões", afirmei passar qualquer solução futura do PS por Vitor Figueiredo, então reeleito Presidente da Junta de Freguesia de S. Pedro do Sul. Passados 12 anos e após várias derrotas copiosas, foi precisamente com Vitor Figueiredo que os socialistas recuperaram a C.M. local e com maioria absoluta, o que só havia acontecido com o Dr. Bandeira Pinho, independente.
Provou-se também que não é necessário ter qualquer licenciatura, mestrado ou doutoramento para se ser um bom político e demonstrar trabalho, como fez na Junta de Freguesia da sede do concelho, o que foi determinante para esta vitória.
9º - O PSD registou uma derrota histórica por razões nacionais e locais. Por um lado, verificou-se também em S. Pedro do Sul uma vontade de penalizar a política governamental, por outro lado, Adriano Azevedo mostrou não recolher a empatia do eleitorado. Algumas afirmações suas na campanha eleitoral, especialmente nos debates, foram autênticos tiros nos pés. Treze anos depois, a História veio dar razão à Comissão Política de então e à maioria dos militantes do PSD quando disseram não à escolha que o então secretário-geral, José Luis Arnaut, quis impôr nas eleições autárquicas intercalares então decorridas, o Dr. Adriano Azevedo. O candidato foi o Dr. António Carlos Figueiredo, o qual venceu quatro eleições por larga maioria absoluta. É minha convicção que se pudesse voltar a candidatar-se, seria reeleito.
10º- Em S. Pedro do Sul, as eleições foram muito bipolarizadas. Daí os maus resultados da CDU e do BE, o qual ficou afastado da Assembleia Municipal, onde mostrou grande actividade no anterior mandato. A bipolarização terá também prejudicado o Dr. José Sousa e os seus companheiros da lista "A Nossa Terra", que apresentou propostas positivas para o futuro do concelho e recolheu a simpatia de parte importante da população.
Recordo ter o Dr. Sousa um papel importantíssimo nas vitórias do PSD nos últimos 13 anos.
António Carlos Figueiredo e José Sousa são dos não muitos militantes do PSD que se mantêm fieis ao ideal social-democrata.

(Publicado na GAZETA DA BEIRA, de 10/10/2013)

quinta-feira, 10 de outubro de 2013

NÃO APRENDERAM NADA

Os partidos e membros do governo, muito especialmente o primeiro-ministro, nada aprenderam com a derrota eleitoral de que foram alvo nas últimas eleições autárquicas. Pelo contrário, prosseguem a mesma política de destruição das forças produtivas. Não há sinal de baixa de impostos no próximo orçamento. Os cortes de salários e pensões continuam. Nem as pensões de sobrevivência escapam. Os salários dos funcionários públicos baixarão, segundo o "Correio da Manhã" de hoje, até 10%.
A austeridade prosseguirá, aumentando a recessão, como reconhece o próprio FMI. Qualquer principiante de economia sabe que tendo os cidadãos menos poder de compra e sendo a carga fiscal elevada, a economia tem um crescimento negativo e o desemprego aumenta, o que, aliás, é visível no nosso país nos últimos dois anos.
Perante o quadro descrito, só por ignorância ou má fé se pode dizer vir aí o crescimento. Como os governantes não serão assim tão ignorantes, forçosamente se conclui que mentem descaradamente e estão de má fé, como disse o militante do PSD, Pacheco Pereira, em recente entrevista ao "Público".
Todos os sacrifícios por que a maioria dos portugueses (não os mais ricos) tem passado foram feitos em nome da recuperação financeira, a qual falhou. Nenhum dos objectivos do memorando foi atingido. A troika deveria ter ido embora no passado dia 23 de Setembro. O défice deveria estar em 2,5% do PIB. A "grande luta" do governo PSD/CDS consiste em que o mesmo fique no final deste ano em 5,5%.
Esta política falhou. Os membros do governo falam cada um de sua maneira. Mais do que nunca, impõe-se a intervenção do Presidente da República, demitindo este governo e convocando novas eleições legislativas, ou procurando a criação de um governo de salvação nacional com outro primeiro-ministro.

domingo, 6 de outubro de 2013

ESTALINISMO DE DIREITA

As últimas eleições autárquicas registaram uma enorme derrota do PSD e uma grande vitória do PS.
A CDU voltou a obter mais de 10% de votos e recuperou câmaras importantes como Beja, Évora ou Loures.
O BE teve um sério revés, perdendo a única C.M. que detinha, Salvaterra de Magos, para o PS.
Foi claramente repudiada a política governamental. No entanto, o CDS, certamente devido à sua atitude de estar com um pé dentro e outro fora do governo, aumentou de 1 para 5 o seu número de Câmaras Municipais, pelo que o grande prejudicado dos partidos do poder foi o PSD.
Os "sociais-democratas", em vez de reflectirem no seu isolamento no país, reagiram em Conselho Nacional como se nada tivesse ocorrido. Em vez de pedirem contas ao líder e restantes responsáveis do partido pela humilhante derrota, os srs. conselheiros laranjas pretendem a expulsão dos críticos da estratégia falhada, à boa maneira estalinista. Resquícios da formação política durante a juventude do próprio Passos Coelho, de Agostinho Branquinho, de Nuno Crato, de Franquelim Alves e tutti quanti?

NOVO CICLO EM S. PEDRO DO SUL

Em S. Pedro do Sul, venceu o PS, por maioria absoluta, na Câmara e na Assembleia Municipais, conquistando também a maioria das freguesias, o que determina o início de um novo ciclo político no nosso concelho. Vitor Figueiredo provou não ser necessário possuir um "canudo" para se ser um bom político e vencer de forma inequívoca umas eleições.
Após 13 anos de poder, com larga maioria, o PSD sofreu uma pesada derrota, determinada pelos seguintes factores: além da vontade nacional de penalizar aquele partido, o seu candidato à C.M., Adriano Azevedo, não criou empatia no eleitorado, tendo, durante a campanha eleitoral, dado vários tiros nos pés.
As eleições no nosso concelho foram bipolarizadas, tendo penalizado a CDU, o BE e "A Nossa Terra". Esta lista independente recolheu, no entanto, bastante simpatia dos sampedrenses. É bom também recordar que o seu cabeça de lista, José Sousa, foi importantíssimo em todas as vitórias obtidas pelo PSD de 2000 para cá.
Se António Carlos Figueiredo pudesse ter concorrido, penso que seria reeleito.
Os meus amigos António Carlos Figueiredo e José Sousa são dos poucos militantes do PSD que se mantêm fieis à social-democracia e ao pensamento de Sá Carneiro.

PS: em próximo número do jornal "Gazeta da Beira" desenvolverei pormenorizadamente os resultados das últimas autárquicas, a nível nacional e local.