sexta-feira, 16 de setembro de 2011

DIREITA INTELIGENTE E DIREITA RONCANTE

Há quem diga ser a direita portuguesa a mais estúpida da Europa. Assim sendo, está na companhia de outras congéneres suas, como a direita conservadora inglesa, hoje no poder, sob a liderança de David Cameron.
Recuando no tempo cerca de 20 anos, recordamos o conflito provocado por negros em Los Angeles, nos EUA, em consequência da violenta agressão de quatro polícias brancos sobre um cidadão também negro.
As autoridades procuraram pôr fim à violência. Uma das medidas adoptadas nesse sentido foi a nomeação de um comandante negro para a polícia de Los Angeles, o qual, mal tomou posse, afirmou ser implacável contra qualquer conflito racial, partisse o mesmo de brancos ou de negros. Por sua vez, o então presidente republicano George Bush (pai) reconheceu que a América tinha falhado na integração da raça negra na sociedade e havia que tomar medidas sociais e económicas para que tal acontecesse, pois estes problemas não se resolvem apenas com a repressão dos crimes praticados por gente pobre e desenraizada socialmente.
Bush e a restante administração tiveram um comportamento típico da direita democrática e progressiva, que tem origem na Revolução Americana de 1776 e nos girondinos da Revolução Francesa de 1789.
CONFRONTOS NA GRÃ-BRETANHA
Aquando dos recentes confrontos na Grã-Bretanha, muito especialmente em Londres, o primeiro-ministro daquele país, David Cameron, teve uma atitude própria do que Jaime Nogueira Pinto, conhecido intelectual de direita nacionalista, apelida de direita roncante. Ainda que tarde, diga-se em abono da verdade, deu ordens à polícia para conter e reprimir, o que se justificou perfeitamente, o vandalismo praticado por jovens e até crianças. No entanto, contrariamente a Bush (pai), não reconheceu que na origem dos conflitos está o elevado desemprego, o empobrecimento registado nos últimos anos e particularmente a incapacidade de integração na sociedade britânica de minorias oriundas de outras culturas. Enquanto não se tomarem decisões para a resolução destes problemas, novos confrontos poderão surgir, não sendo suficiente para a sua contenção a acção policial, por mais eficaz que seja.
No actual governo português também está representada a direita que entende ser a acção musculada e securitária suficiente para combater a criminalidade, que terá tendência para aumentar com o agravamento das condições de vida das populações. Essa não poderá ser a posição assumida pelo partido maioritário da coligação governamental, o qual não é de direita e não poderá esquecer as suas raízes sociais democratas. Além da adopção de medidas para a segurança de pessoas e bens, há, igualmente, que inserir socialmente pessoas desenraizadas e marginalizadas. Uma das funções do Estado, na concepção liberal, também é corrigir as assimetrias sociais. Tal solução não está no mercado.
No governo de Durão Barroso foi criado o Ministério das Cidades, que era uma sugestão de Marcelo Rebelo de Sousa. As suas funções eram reabilitar ambiental e socialmente as cidades, tornando-as mais humanas. É lamentável que desde a chegada de Sócrates ao poder tal ministério tenha acabado.

PS: A ultra-direitista Sarah Palin, ex-candidata a vice-presidente dos EUA, que durante a campanha para tal cargo ficou conhecida por dizer que o mundo tem apenas 6 000 anos e a África é um país, tem-se afirmado ultra-moralista, chegando a condenar as relações sexuais antes do casamento. No entanto, a ser verdade o que sobre aquela senhora, a quem Deus apenas concedeu beleza, diz o autor de um livro recentemente publicado, a mesma terá sido uma consumidora de drogas e infiel ao marido com vários homens. É esta a “moral” de certa direita. Como diz um amigo meu, quando se é moralista, é porque se tem algo a esconder.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

É PRECISO TER LATA !

Em declarações prestadas recentemente, o novo secretário-geral do Partido Socialista (PS), António José Seguro, atacou violentamente os cortes previstos para a saúde, a educação e outros sectores de carácter social no próximo Orçamento Geral de Estado.
Seguro "esquece" três coisas fundamentais: que o governo garante que ninguém deixará de ter acesso àqueles direitos por não poder custeá-los, que estas medidas se inserem no acordo firmado na passada Primavera entre o governo do seu partido (apoiado pelo PSD e pelo CDS) e a troika, que o executivo de Sócrates fez acentuados cortes na saúde e na segurança social. Que o digam os reformados com pensões mais baixas e os desempregados.
Seguro criticou ainda o aumento de impostos. Até parecia um liberal a falar... mas não foi o governo do PS que, sempre que havia dificuldades financeiras, aumentava as receitas, muito especialmente as fiscais? Porque não apoia o imposto extraordinário de 3% sobre as empresas com lucros mais elevados, que tanto reclamava?
Diz ainda o novo líder socialista que os juros e os lucros na bolsa deveriam ser taxados. Na situação actual do mercado de capitais, seria o fim da bolsa. Quanto à taxação de juros, está o leitor a imaginar a fuga de capitais para o estrangeiro e a situação em que os bancos ficariam. Já agora, porque não diz onde se deve cortar nas despesas?
Por aqui se vê a falta de sentido de Estado e a irresponsabilidade do PS e do seu líder, que não engana os portugueses. Apesar das medidas difíceis e impopulares, segundo uma sondagem publicada na última edição do "Expresso", se agora decorressem novas eleições, o PSD e o CDS reforçariam a votação registada no passado dia 5 de Junho e alargariam a actual maioria parlamentar.