terça-feira, 27 de abril de 2010

AINDA O POLITICAMENTE CORRECTO E A CONSTRUÇÃO EUROPEIA

No post anterior e a propósito da morte do Presidente da Polónia, referimo-nos às críticas do politicamente correcto, no caso, através de uma jornalista da RTP paga, em boa parte, com os impostos de todos nós, a quem não alinha com o Tratado de Lisboa e é apelidado de "nacionalista".
Na sua recente visita a Praga, foi o "europeista" (leia-se federalista) Cavaco Silva quem ouviu as que não esperava do Presidente da República checo, Vaclav Klaus. Disse este que o seu país, porque tem um défice de 5% do PIB, vive muito preocupado, tendo aconselhado Portugal a não falar do seu défice (9,4%). Afirmou ainda "aprofundar o Tratado de Lisboa o défice democrático europeu".
Os nossos europeistas de pacotilha, que incluem a anterior direcção do PSD (acerca da matéria não são conhecidas as posições do novo PSD. Não coloco a expressão NOVO entre aspas propositadamente), o PS e o CDS, em tempos próximo do autêntico nacionalismo reaccionário de Le Pen ou Haider, hoje euro-calmo, que, seguramente, ninguém sabe o que significa, considerarão Vaclav Klaus "nacionalista", "inimigo da integração europeia", etc.
O presidente checo sempre esteve empenhado na edificação de uma Europa Unida. Daí a adesão da República Checa, com o seu apoio, à UE, há vários anos, e a defesa que faz da aliança e solidariedade transatlânticas. Não quer, e bem, é ver a maioria dos países da comunidade subordinados aos grandes, especialmente ao eixo franco-alemão. Parece ser dos poucos políticos e estadistas a ver o alcance das posições - essas, sim, nacionalistas - do marido de Carla Bruni, em defesa da agricultura francesa, prejudicando a agricultura polaca, ou as reticências de Angela Merkel em apoiar a Grécia. Além disso, viu o seu país ocupado pela defunta URSS em 1968. Sabe bem o que é ser dominado por estrangeiros, pelo que quer uma Europa unida, mas livre, na qual todos os países sejam tratados em pé de igualdade. PS: o CDS, apesar de ter passado a "euro-calmo", não deixou de ser um partido próximo da direita radical, como se pode ver pela sua política securitária e em defesa do pior que pode ter o conservadorismo social. Por isso, o PSD deve rejeitar qualquer aliança com tal partido e efectuar uma "coligação" com o país, como foi aprovado no seu último congresso, unindo o centro-direita, o centro e o centro esquerda. Uma aliança com o CDS afastará o eleitorado central, beneficiando o PS, o qual, caso afaste com o seu actual líder e encontre o seu Tony Blair, poderá ficar no poder por muitos e bons anos.

quarta-feira, 14 de abril de 2010

A MORTE DO PRESIDENTE POLACO E A CORRECÇÃO POLÍTICA


O Presidente da República da Polónia, Kaczinsky, tragicamente falecido em acidente de avião, na Rússia, no passado fim de semana, cultivava o conservadorismo político e social, dentro do regime democrático, o que não se pode afirmar, por exemplo, relativamente a certos conservadores portugueses, mas isso são outras estórias…

Desempenhou um papel importantíssimo na luta pela democracia durante a ditadura comunista, tendo sido um dos fundadores e activistas do SOLIDARIEDADE, bem como depois da instauração do regime democrático no seu país, antes e após ser eleito Chefe de Estado. Tais características foram mencionadas e destacadas por vários políticos e estadistas do mundo inteiro, entre os quais, Cavaco Silva, José Sócrates e dirigentes do PS, do PSD e do CDS. Numa reportagem realizada no canal 1 da RTP sobre o acidente em causa, uma jornalista qualificou o falecido presidente como “fortemente anti-comunista e nacionalista”, numa demonstração “politicamente correcta”.

Kaczinsky foi anti-comunista, porque sentiu na pele os efeitos do regime marxista-leninista. Sabe que a segunda grande guerra mundial teve início com a invasão da sua pátria pela Alemanha nazi, na sequência de um pacto feito pela mesma com a URSS de Estaline. Sabe que cerca de 20 000 compatriotas seus foram chacinados pelo Exército Vermelho soviético em Katyn e não pelos alemães, como afirmava a versão oficial comunista até ser desmentida por Gorbatchev. Aliás, quando faleceram, o Presidente polaco e os seus acompanhantes dirigiam-se àquela localidade, a fim de com Medvedev e Putin prestarem homenagem àqueles polacos. Anti-comunistas são também os autores do “Livro Negro do Comunismo”, cujo coordenador, Stefan Courtois, foi comunista de linha maoista e activista do Maio de 68 francês, sendo ainda hoje de esquerda (liberal). O termo “fortemente”, e no tom que foi dito pela jornalista, demonstra complexos “politicamente correctos”. Como se os totalitarismos não fossem irmãos gémeos…

O mesmo complexo está inscrito na referência ao “nacionalismo” de kaczinsky, a propósito das suas ideias sobre o futuro da UE, como se fossem chauvinistas ou isolacionistas, à semelhança dos nacionalismos de Hitler, Mussolini ou Salazar. Kaczinsky defendeu, com patriotismo, os interesses do seu país aquando da aprovação do Tratado de Lisboa e do federalismo que lhe está subjacente, beneficiando os grandes países, especialmente a França e a Alemanha. Não foi, aliás, por acaso, que o cinzentão e desconhecido Van Rompuy foi eleito Presidente do Conselho da UE.

Se recusar o domínio pelos grandes é “nacionalismo”, como definir o proteccionismo de Sarkozy ou a atitude do governo alemão de Schroeder quando, há mais de 10 anos, vetou a compra de uma cadeia de super-mercados germânica por idêntica cadeia inglesa pouco após a Rolls Royce ser adquirida pela BMW sem qualquer objecção do então governo de Tony Blair? Desta forma a televisão pública vai passando mentiras por verdades e vice-versa, fazendo lembrar algumas previsões de George Orwell no livro “1984”, escrito em 1948.

terça-feira, 13 de abril de 2010

A Lei da Rolha e o Dr. António Carlos Figueiredo


Durante o congresso do PSD e num momento de clara descontração, (aliás, todo o congresso foi bastante descontraído, como, de resto, todas as propostas apresentadas também o foram, tal a falta de substância) o «nosso» presidente, Dr. António Carlos Figueiredo, a propósito da chamada Lei da Rolha, deixou-me (e presumo que a muitas outras pessoas) a seguinte dúvida: onde é que a rolha ficava bem ao jornalista ?


Sinceramente fiquei confuso e o «piii» da censura não ajudou a clarificar a resposta à minha dúvida...




terça-feira, 6 de abril de 2010

AS DÍVIDAS DO PSD




MILITANTES DO PSD OPTAM PELA MUDANÇA

O Partido Social Democrata (PSD) optou pela mudança nas eleições recentemente ocorridas para a sua liderança. Paulo Rangel e Aguiar Branco, que colaboraram com Manuela Ferreira Leite e significavam, mais o primeiro que o segundo, a continuação da sua política, obtiveram, no total, cerca de 38% de votos. Pedro Passos Coelho, o candidato assumidamente da mudança, na sociedade e no partido, recolheu cerca de 60% da votação.
Estes resultados provam que a anterior direcção do PSD estava divorciada das bases, como outras anteriores. Eis a principal explicação para as sucessivas derrotas quer o partido registou nos últimos 5 anos.
Passos Coelho demonstrou na campanha ser o melhor preparado para a liderança e para derrotar o governo decrépito, incompetente e desacreditado de José Sócrates. Isso mesmo expressaram maioritariamente os sociais democratas, rejeitando o desvio de direita e conservador e a sua possível continuidade. Eu sei que o termo "desvio de direita" é da autoria de Mao Tsé Tung. É escusado algum comentador lembrá-lo. Eu próprio o faço, porque independentemente do autor da expressão, era um risco que o PSD corria, deixando o eleitorado central ao PS.
Passos Coelho, com a defesa de um liberalismo político, económico e de costumes, com consciência social, representa hoje a social democracia portuguesa, no que tem de específico e de diferente da social-democracia dos partidos da Internacional Socialista, tal como foi concebida em outra situação pelos fundadores do PPD, especialmente Sá Carneiro. Com a aplicação prática das ideias divulgadas por Passos Coelho e os que com ele estiveram, o PSD caracterizar-se-á pela sua matriz de sempre: um partido central e reformista, que capta todo um conjunto de eleitores, do centro-direita ao centro-esquerda.
O novo líder estendeu, após a vitória, a mão aos seus adversários, convidando-os a entrarem nos órgãos nacionais do PSD a serem eleitos no próximo congresso. Aquele gesto foi correspondido pelos mesmos, pelo que se prevê uma nova unidade de todos os sociais democratas, convergente de diferentes opiniões integradas no mesmo ideário. Agora, os adversários são Sócrates e o PS, cuja política há que derrotar.