quarta-feira, 14 de abril de 2010

A MORTE DO PRESIDENTE POLACO E A CORRECÇÃO POLÍTICA


O Presidente da República da Polónia, Kaczinsky, tragicamente falecido em acidente de avião, na Rússia, no passado fim de semana, cultivava o conservadorismo político e social, dentro do regime democrático, o que não se pode afirmar, por exemplo, relativamente a certos conservadores portugueses, mas isso são outras estórias…

Desempenhou um papel importantíssimo na luta pela democracia durante a ditadura comunista, tendo sido um dos fundadores e activistas do SOLIDARIEDADE, bem como depois da instauração do regime democrático no seu país, antes e após ser eleito Chefe de Estado. Tais características foram mencionadas e destacadas por vários políticos e estadistas do mundo inteiro, entre os quais, Cavaco Silva, José Sócrates e dirigentes do PS, do PSD e do CDS. Numa reportagem realizada no canal 1 da RTP sobre o acidente em causa, uma jornalista qualificou o falecido presidente como “fortemente anti-comunista e nacionalista”, numa demonstração “politicamente correcta”.

Kaczinsky foi anti-comunista, porque sentiu na pele os efeitos do regime marxista-leninista. Sabe que a segunda grande guerra mundial teve início com a invasão da sua pátria pela Alemanha nazi, na sequência de um pacto feito pela mesma com a URSS de Estaline. Sabe que cerca de 20 000 compatriotas seus foram chacinados pelo Exército Vermelho soviético em Katyn e não pelos alemães, como afirmava a versão oficial comunista até ser desmentida por Gorbatchev. Aliás, quando faleceram, o Presidente polaco e os seus acompanhantes dirigiam-se àquela localidade, a fim de com Medvedev e Putin prestarem homenagem àqueles polacos. Anti-comunistas são também os autores do “Livro Negro do Comunismo”, cujo coordenador, Stefan Courtois, foi comunista de linha maoista e activista do Maio de 68 francês, sendo ainda hoje de esquerda (liberal). O termo “fortemente”, e no tom que foi dito pela jornalista, demonstra complexos “politicamente correctos”. Como se os totalitarismos não fossem irmãos gémeos…

O mesmo complexo está inscrito na referência ao “nacionalismo” de kaczinsky, a propósito das suas ideias sobre o futuro da UE, como se fossem chauvinistas ou isolacionistas, à semelhança dos nacionalismos de Hitler, Mussolini ou Salazar. Kaczinsky defendeu, com patriotismo, os interesses do seu país aquando da aprovação do Tratado de Lisboa e do federalismo que lhe está subjacente, beneficiando os grandes países, especialmente a França e a Alemanha. Não foi, aliás, por acaso, que o cinzentão e desconhecido Van Rompuy foi eleito Presidente do Conselho da UE.

Se recusar o domínio pelos grandes é “nacionalismo”, como definir o proteccionismo de Sarkozy ou a atitude do governo alemão de Schroeder quando, há mais de 10 anos, vetou a compra de uma cadeia de super-mercados germânica por idêntica cadeia inglesa pouco após a Rolls Royce ser adquirida pela BMW sem qualquer objecção do então governo de Tony Blair? Desta forma a televisão pública vai passando mentiras por verdades e vice-versa, fazendo lembrar algumas previsões de George Orwell no livro “1984”, escrito em 1948.

1 comentário:

Anónimo disse...

Ainda que mal pergunte, que tem isto a ver com S. Pedro do Sul?

Restos (d'o caricas) não são uma alimentação correcta...