segunda-feira, 3 de junho de 2013

SÁ CARNEIRO APLAUDIDO EM REUNIÃO DA ESQUERDA

Na reunião em que participaram os partidos de esquerda, PS, PCP, BE e PCTP/MRPP, realizada no passado dia 30 de Maio na Aula Magna da Universidade de Lisboa, sob a égide de Mário Soares, o nome de Sá Carneiro, mencionado numa mensagem enviada pelo militante do PSD, Pacheco Pereira, foi aplaudido pela generalidade dos presentes.
Há uma explicação para aquela atitude. Contrariamente ao primeiro-ministro e à actual direcção do PSD, Sá Carneiro era social-democrata, tendo como referência a social-democracia histórica e a sua aplicação prática, especialmente nos países nórdicos. Já numa entrevista concedida a Jaime Gama, no "República", em 1971, quando era deputado da ala liberal da Assembleia Nacional, afirmou-se social-democrata.
Na oposição e no poder, defendia a diminuição do peso do Estado na economia - a qual deveria assentar na iniciativa privada - porque na época revolucionária aquele peso foi demasiado longe, imitando as então auto-proclamadas democracias populares do leste europeu. Por outro lado, sempre considerou que alguns sectores fundamentais deveriam pertencer à esfera pública, devendo o Estado ter um carácter regulador. No seu tempo, surgiu a "moda" do liberalismo económico, com Reagan e Thatcher, o qual nunca endossou.
A social-democracia "sá carneirista" era a síntese de partes de ieologias, como costuma dizer Pacheco Pereira: o humanismo cristão e a doutrina social da Igreja, o personalismo, a economia de mercado, e a tradição social-democrata e socialista, em geral, no combate à pobreza. Este conjunto de ideias tornou o PSD num partido central e reformista, albergando no seu seio pessoas que iam do centro-direita ao centro-esquerda. Hoje, é um partido de direita e ultra-liberal. A própria AD não era um projecto de direita, mas uma frente que englobava a direita, o centro e uma parte da esquerda.
Quem estiver minimamente atento, poderá constatar encontrar-se, presentemente, mais próximo daqueles ideais o PS que o PSD.
Se houver no PSD quem retome a social-democracia, varra o aparelho, afaste Passos Coelho e restante direcção partidária, poderá, mudando de política, ainda captar muitos votos de pessoas de esquerda e ter esperança na vitória em próximas eleições. Se na S. Caetano à Lapa tudo continuar na mesma, até porque o espaço outrora ocupado por Sá Carneiro, está-o hoje pelo PS, António José Seguro será o primeiro-ministro escolhido pelos portugueses em tais eleições. Foi o militante do PSD e ministro de Cavaco Silva, Mira Amaral, quem o afirmou em entrevista radiofónica realizada no sábado passado.

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