terça-feira, 21 de maio de 2013

O INTELECTUAL ORGÂNICO E INOCENTE ÚTIL



Com a ajuda dos inocentes (e idiotas) úteis conquistaremos o mundo.

LENINE

Miguel Poiares Maduro sempre se mostrou um intelectual dotado de rara inteligência, espírito crítico e grande independência. Com a sua nomeação para ministro adjunto do primeiro-ministro e do desenvolvimento regional, todos aqueles seus atributos parecem ter ido por água abaixo.
As intervenções do ministro da propaganda, como começa a ser conhecido, das quais se destaca a entrevista concedida à última edição do “Expresso”, são a prova do fim da sua irreverência e da bajulação do actual poder moribundo de Gaspar, Passos, Portas e Cavaco, no qual se integrou perfeitamente. Por outro lado, passa a vida a falar de consenso, palavra que significa, não o que parece, mas o canto de sereia para a submissão do PS ao projecto classista (dos ricos, anti-humanista e destruidor do estado social) do governo e da troika.
O escritor italiano Umberto Eco afirma que o intelectual, para não ser orgânico e servidor do poder, deve ser, mesmo quando o apoia, sua consciência crítica, precisamente aquilo que morreu na alma de Miguel Poiares Maduro, assim ligando, lamentavelmente, a sua imagem ao governo mais medíocre do pós-25 de Abril, do qual é um intelectual orgânico e inocente útil, como diria Lenine. Nesta matéria, o ex-comunista Pedro Passos Coelho aprendeu bem a lição do seu antigo mestre, no uso e manipulação de pessoas... enquanto interessarem.

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