quarta-feira, 6 de março de 2013

QUANDO SE CANTAVA A GRÂNDOLA NA JSD


No final de um congresso da JSD em que participei, em Tróia, no ano de 1988, todos os delegados ao mesmo almoçámos juntos.
Vários delegados entoaram, durante a refeição, canções regionais. Os delegados de Évora, liderados pela presidente da distrital, uma menina morena e muito bonita, começaram a cantar “Grândola, Vila Morena”, de Zeca Afonso, no que foram seguidos por todos nós.
Naquele almoço encontravam-se o actual primeiro-ministro, então vice-presidente da jota laranja, Miguel Relvas, seu secretário-geral, José Cesário, Feliciano Barreiras Duarte e outros membros do governo Passos-Portas.
Quem diria, na altura, que aqueles jovens, considerados consciência de esquerda do PSD, que efectuavam algumas críticas ao cavaquismo em nome da social-democracia, passado um quarto de século fariam parte do governo mais à direita, mais impopular e com menor consciência social após o 25 de Abril? O que faz o perfume do poder e do dinheiro que cada vez mais manda no mesmo !
No passado sábado, dia 2 de Março, a canção utilizada como contra-senha no 25 de Abril foi cantada por mais de um milhão de portugueses que por todo o país e no estrangeiro, tal como no dia 15 de Setembro de 2012, se manifestaram contra a política deste governo e os que se comportam como donos da Europa e do mundo.
A legitimidade social deste governo morreu. E, na política, não existe o milagre da ressurreição. Nas semanas anteriores a 2 de Março, o primeiro-ministro e vários ministros foram vaiados em todo o lado a que se deslocaram. Nem uma viva alma já os aplaude. A própria legitimidade eleitoral do executivo está em causa, apesar de existir uma maioria a apoiá-lo na A.R.. É que a sua acção tem sido o contrário do prometido pelos seus partidos em campanha. Nessa altura, os eleitores do PSD e do CDS foram enganados de forma vergonhosa.
Se, como perguntava recentemente Henrique Monteiro no “Expresso”, ainda existe Presidente da República, o que espera para demitir o actual executivo moribundo e procurar uma outra solução governativa com os partidos parlamentares?

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