sexta-feira, 8 de março de 2013

O TRONO É DO CHARLATÃO

Em debate realizado na Assembleia da República, o primeiro-ministro afirmou ser contra o aumento do salário mínimo, chegando a dizer que o mesmo deveria diminuir, para aumentar a competitividade da economia, só não o fazendo, à semelhança do governo irlandês, porque no seu país aquele ordenado é muito maior  que o português.
Embora o salário mínimo seja muito mais elevado na Irlanda que em Portugal, o povo irlandês tem perdido muito poder de compra. O desemprego ali registado é elevado (menos que o nosso), mas anteriormente à crise, a Irlanda tinha atingido praticamente o pleno emprego. Nesse tempo, dificilmente se viam "sem abrigo" nas ruas. Hoje, vêem-se imensos. A dívida e o défice daquele país são, respectivamente, de 120% e 8% do PIB. Malhas que a troika tece...
Mas, voltando a Portugal, o nosso (salvo seja) primeiro-ministro entende que quem vive com o mínimo ainda deveria ganhar menos. O ultra-liberal António Borges é da mesma opinião. Para eles, competitividade significa mão de obra barata e terceiro-mundização das relações laborais. Para qualquer verdadeiro social-democrata ou liberal a competitividade assenta em boa formação profissional e mão de obra qualificada.
Porque não disse Passos Coelho barbaridades destas na campanha eleitoral que o conduziu a chefe do governo? Certamente o resultado final seria outro. Como uma vez afirmei por Sócrates, também a Passos Coelho se aplica  a expressão de uma canção de José Mário Branco e Sérgio Godinho, que dá título a este post.

PS: aos que afirmam que uso violência verbal nos meus escritos, fiquem sabendo que a procissão ainda nem chegou ao adro. Mais uma vez, citando Sérgio Godinho, prefiro "estar de mal com outros e de bem comigo". Como diria António Vitorino em outras circunstâncias de tempo e modo, vão-se habituando...

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