quarta-feira, 13 de março de 2013

PALHAÇADAS ELEITORAIS

José António Saraiva, director do jornal oficioso do governo PSD/CDS, "Sol", escreveu no último editorial  daquele semanário, a propósito das recentes eleições italianas, que "a democracia está a tornar-se numa palhaçada".
Como diz uma velha frase, "Deus escreve direito por linhas tortas". A democracia está a transformar-se numa palhaçada, mas não pelos motivos apontados pelo sr. Saraiva, que mostra um sentimento de desespero e derrota pelo facto de os povos não "compreenderem" a  austeridade e os efeitos da globalização.
Tal palhaçada é resultante  dos seguintes factos:
-  a classe política  cada vez se sente e mostra menos responsável perante os seus eleitores e mais seguidista relativamente ao alto capitalismo e suas sociedades secretas, como o grupo de Bildeberg.
- Com aquele objectivo, mente descarada e vilmente durante as campanhas eleitorais, prometendo uma coisa e fazendo o seu oposto. É o triste caso dos partidos componentes do actual governo português, idolatrado de forma dogmática e fanática pelo sr. Saraiva.
- As elites afastam-se da actividade política, sobretudo por aqueles motivos, abrindo o caminho ao controlo da mesma por medíocres e indigentes intelectuais. Num país e numa situação política normais, Pedro Passos Coelho seria primeiro-ministro? O falso licenciado Relvas coordenaria politicamente um governo? Seguro estaria à frente do maior partido da oposição?
- A austeridade não é para todos, mas para os pobres e a classe média, a qual está a desaparecer, principalmente nos países ocupados (assim mesmo, sem aspas) pela troika.
- A globalização tem aumentado as desigualdades e injustiças sociais, empobrecendo a maioria dos cidadãos dos países desenvolvidos, com a deslocalização de empresas para o terceiro mundo.  
Apesar de ter abandonado  o marxismo há quase 28 anos  - e não pretender voltar a endossá-lo, embora considere ter aquela ideologia aspectos positivos deturpados pelos marxistas e marxólogos - a História está a dar razão a Karl Marx quando afirmava: "as eleições em regime capitalista são uma farsa" e  "o desenvolvimento do capitalismo conduz à destruição das classes médias e à concentração de riqueza nas mãos da alta burguesia." Infelizmente, em nome do liberalismo, ideologia que em tempos idos provou o contrário. Perante isto, vale a pena continuar a ser liberal? Vale, pois, ignorando o ultra e o neo-liberalismo e seguindo em frente. Recordamos, a propósito, ter o escritor checo, anti-comunista, Milan Kundera, afirmado, há várias décadas,  ser a esquerda a grande marcha da História e que perante os crimes do comunismo, as pessoas de esquerda deveriam ignorar o mesmo e seguir em frente.
A terminar: José António Saraiva ainda se lembrará de quando escreveu no "Expresso", do qual era director, conduzir o liberalismo defendido, entre outros, por Vitor Cunha Rego (já falecido), Proença de Carvalho ou Maria Elisa Domingues, ao capitalismo selvagem, no que não tinha razão nenhuma? O governo português e os seus patrões (do sr. Saraiva) da angolana Neshwold, ligada ao poder corrupto, despótico  e com cheiro a sangue, de Angola, sediada no Panamá, pelos motivos em que o leitor está a pensar, representarão, por acaso, um capitalismo inteligente e humanista?
Um historiador, de seu nome António José Saraiva, há cerca de 50 anos, era militante do PCP. Álvaro Cunhal encarregou-o EM MOSCOVO de, juntamente com Maria Lamas, escrever um texto para uma conferência, sobre a guerra colonial portuguesa então no início. Cunhal alterou, em grande parte, o que aqueles seus dois camaradas escreveram. António José Saraiva disse não ler aquilo com que não concordava, tendo o secretário-geral do PCP retorquido ser a alteração ao texto por si efectuada a posição oficial do partido.
O historiador abandonou o local da reunião, demitindo-se, de imediato, do partido que serviu quase 30 anos. Onde estiver, o que "pensará" da incoerência, oportunismo e servilismo de seu filho?        

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