terça-feira, 5 de junho de 2012

ESPELHO PORTUGUÊS DOS QUE MANDAM NO MUNDO


O responsável pelas privatizações, espécie de ministro, António Borges, segundo um jornalista francês, que conhece por dentro o FMI, foi afastado desta instituição por incompetência. No entanto, continua a receber da mesma 224 000,00 euros por ano, livres de impostos. Além do cargo para que foi nomeado pelo governo Coelho/Portas, ainda está ligado à administração da Jerónimo Martins. Este cavalheiro disse, recentemente, que para aumentarmos a nossa competitividade, os salários têm de diminuir para os trabalhadores. Não certamente para ele. Muito menos António Borges e os outros responsáveis do FMI, do Banco Mundial, da ONU e da Comissão Europeia estarão a pensar acabar com essa imoralidade que consiste em não pagarem impostos num momento de grave crise mundial. São estes os que eu apelido de “revisionistas do liberalismo”. Eu sei que o termo é de Lenine e foi muito popularizado no mundo inteiro por Mao Tsé Tung e Enver Hodxa…
Por falar na Comissão Europeia, também o seu presidente, o português Durão Barroso, veio falar de crescimento económico, com uma ressalva: os países do “ajustamento” deverão continuar a praticar a austeridade. Ou seja, deverão empobrecer ainda mais relativamente aos países mais ricos. Como Borges, também disse que os salários, nestes países, terão de baixar. Certamente, quererá ver realizado um dos seus sonhos de juventude: tornar Portugal na China da Europa (só que, agora, no plano capitalista). Aquando da Revolução Cultural Chinesa, iniciada em 1966, ficou célebre uma frase de Mao: “que cem flores desabrochem, que cem escolas rivalizem!”. Durão Barroso, baseando-se no seu antigo mestre, quererá tornar os países mais pobres da Europa em várias Chinas.
O PCTP/MRPP tem razão quando apelida o seu ex-camarada, hoje presidente da C.E., de “oportunista de duas caras”, pois após intensa militância na organização juvenil daquele partido, a que também pertenci, a Federação dos Estudantes Marxistas-Leninistas (FEML), especialmente na Direcção da Associação de Estudantes da Faculdade de Direito de Lisboa, abandonou a mesma, da qual foi expulso, no Outono de 1976, quando se apercebeu que a classe operária, dirigida pela sua vanguarda e pelo camarada Arnaldo Matos, afinal não tomava o poder.
Adere ao PSD quando Sá Carneiro era primeiro-ministro. Era o que estava a dar.
Foi secretário de Estado e ministro de Cavaco Silva. Quando o cavaquismo acabou, tinha o PSD a seus pés, mas não quis assumir a sua liderança, sabendo das dificuldades que estavam para chegar. No entanto, com o seu carácter calculista e frio, foi conspirando contra Marcelo Rebelo de Sousa, conquistando a liderança do partido quando aquele se demitiu da mesma. Nessa altura, já era previsível não durar muito tempo o guterrismo.
A principal crítica que Durão fazia a Marcelo era a aliança com o CDS e Paulo Portas, precisamente o que fez mais tarde.
Na campanha eleitoral que o conduziu a primeiro-ministro prometeu baixar os impostos em 10%. Chegado ao poder, deu o dito por não dito, aumentando a carga fiscal, pois “as finanças públicas estavam em má situação”. Como se tal já não fosse do conhecimento de toda a gente! Teve dois bons seguidores, no tocante a incumprimento de promessas, em Sócrates e Passos Coelho.
Ao averbar uma copiosa derrota nas “europeias” de 2004, eis que, mais uma vez desmentindo o afirmado pouco antes, Durão Barroso zarpa de armas e bagagens para a Comissão Europeia. As suas palavras acima referidas constituem a prova de que se apercebeu que para estar nas lideranças políticas é necessário submeter-se ao alto capitalismo internacional, que, na realidade, manda no mundo e na política, de pouco valendo o voto popular.
Se e quando Durão for candidato a P.R., esperamos que os eleitores se lembrem de tudo isto.

P.S. 1: recentemente, qualifiquei, neste blogue, Durão Barroso de verdadeiro social-democrata. Após as suas últimas afirmações, reconheço que errei.

P.S. 2: pouco antes de ter saído do MRPP e da FEML, Durão Barroso deslocou-se mais que uma vez a Londres, acompanhando o seu pai a tratamentos, tendo este último falecido, aliás, na capital britânica.
Dentro do MRPP dizia-se que terá aproveitado uma dessas deslocações para levar a sua então namorada e hoje mulher, a fim de esta efectuar um aborto. Não quero acreditar em tal, pois, se por um lado, ouvi muitas mentiras no MRPP, por outro lado, Durão Barroso até se manifestou contra a despenalização do aborto quando a mesma foi referendada.

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