segunda-feira, 28 de maio de 2012

O POVO NÃO QUER ESTA DIREITA NO PODER



Até há cerca de um ano, uma onda eleitoral de direita varreu a Europa, especialmente nos países onde até aí se encontravam no poder os partidos socialistas. Tal deveu-se à crise provocada pelo alto capitalismo financeiro, fruto do neo-liberalismo, verdadeira deturpação do liberalismo tradicional. Porque os governos socialistas não encontraram resposta para ultrapassar aquela situação, a direita regressou em força.
Aquela direita, de que Pedro Passos Coelho, o actual governo e o PSD são expoente máximo, só agravou a crise. Seguindo uma lógica tecnocrático-economicista, apenas se preocupou em diminuir o défice e a dívida, “custasse o que custasse” (Passos Coelho dixit).
O corte drástico e cego das despesas, sem qualquer sentido social, a liquidação de direitos sociais e laborais conquistados pelos trabalhadores nos séculos XIX e XX, o aumento dos impostos (e ainda eles se dizem liberais…) têm vindo a liquidar as economias, provocando recessão, desemprego, pobreza e miséria, especialmente nos países sujeitos a “ajustamento”, como Portugal, a Grécia e a Irlanda. As “ajudas da troika” apenas aprofundaram ainda mais a crise. É o próprio FMI, membro daquela, que o afirma.
Devido a todo aquele conjunto de factores, ultimamente, a esquerda venceu as eleições legislativas na Dinamarca, na Eslováquia e na Grécia, as presidenciais em França, e as autárquicas e regionais na Inglaterra e na Alemanha, prenunciando a queda de Angela Merkel em próximas legislativas. Na repetição do acto eleitoral, a realizar no próximo dia 17 de Junho na Grécia, muito provavelmente vencerá o movimento SYRISA, organização de esquerda radical, irmão político do Bloco de Esquerda.
Na América Latina, a esquerda marxista tem obtido vitórias em quase todas as eleições, nos últimos anos. No Nepal, os maoistas, liderados pelo “camarada Prachanda”, foram o partido mais votado nas últimas eleições, com 40% de votos, mais de três décadas após o fim do maoismo na própria China.
A direita continua a nada aprender com a História e a actualidade. Nem estes resultados a fazem abrir os olhos. Continua a recusar políticas viradas para o crescimento, ainda que conjugadas com disciplina financeira, e a defender a austeridade pura e dura, a qual está a destruir abruptamente a Europa social e de bem-estar conquistada após a II guerra mundial. Por isso perde eleições, umas atrás de outras. Um antigo slogan da UDP dizia :“o povo não quer a direita no poder”. Os povos europeus também demonstram não querer esta direita no poder.
A esquerda, pelo contrário, bate-se pelo crescimento económico. Mas, além dos “eurobonds” e do aumento do investimento público, nada mais acrescenta. É pouco. Terá que defender também a baixa dos impostos e a reforma do Estado Providência, colocando-o essencialmente ao lado dos mais desfavorecidos, bem como garantir liberdade de escolha, de forma equitativa, na saúde ou no ensino. Ou seja, terá que ser influenciada pela prática de Blair, Schroeder, Clinton, Obama ou Lula, e não dar ouvidos, em muitos aspectos, a Mário Soares ou Manuel Alegre.
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