domingo, 7 de outubro de 2012

O MUNDO ESTÁ PERIGOSO. NÓS, POR CÁ, TODOS BEM...

O saudoso intelectual, jornalista e político Vitor Cunha Rego dizia, há já cerca de 20 anos, que o mundo estava perigoso. Na mesma altura, afirmava ter a globalização como objectivo servir 500 multinacionais. Onde estiver, verá que a História lhe está a dar razão.
Que o mundo, hoje, está muito mais perigoso, provam-no o princípio de guerra entre a Síria e a Turquia, país da NATO, a guerra civil no primeiro daqueles paises, o novo Vietname dos EUA no Afeganistão, o eterno conflito entre Israel e a Palestina, o confronto que opõe Sudão do Norte e Sudão do Sul, a provável independência da Catalunha, que será o início da implosão da Espanha, e tantos outros factos, entre os quais se destaca o acentuar das desigualdades entre ricos e pobres, especialmente nos países ricos, provocando situações explosivas.
Mas, nós, por cá, segundo afirmou o primeiro-ministro no Algarve, no passado mês de Agosto, estávamos bem. Então a crise não tinha passado? No próximo ano não haveria recuperação da economia? Fazia lembrar Sócrates nos seus melhores ou piores (que cada um entenda como quiser) momentos.
O governo, em uníssono, afirmava, no há pouco findo verão, que não eram necessárias mais medidas de austeridade.
Passos Coelho, no pouco tempo que militou no PCP e na sua organização de juventude terá intuido o optimismo antropológico. Apesar de hoje estar vincadamente à direita -não sei como alguém pode qualificar este fulano de social-democrata sem se rir - manteve aquela característica típica das pessoas da esquerda a que pertenceu. Só que, à semelhança dessas pessoas, vê os seus sonhos esbarrar na dura realidade, a qual foi ilustrada recentemente pelo seu ministro das finanças, que o desmentiu, afirmando cair a economia no próximo ano 1% e aumentar o desemprego(nas estatísticas, pois o real já ultrapassa os 20%) para 16,4% da população activa em 2013. Já não falamos do enorme aumento de impostos (Vitor Gaspar dixit), o qual penalizará o crescimento económico, empobrecerá ainda mais a classe média e lançará os pobres na miséria.
Se a esquerda e os sindicatos contestam esta política, o ambiente à direita não é melhor para o governo. Hoje mesmo, o presidente da CIP, António Saraiva, afirma em entrevista ao "Diário de Notícias" ser pena não poder haver uma greve dos patrões. Nunca tal se ouviu após o 25 de Abril. Paulo Portas e o CDS estão com um pé dentro e outro fora do governo.
Resumindo e concluindo: contrariamente ao que que o optimista sr. Coelho afirmava há menos de 2 meses, nós por cá, incluindo ele, estamos muito mal. O seu governo está no estertor, aguardando o golpe de misericórdia, o qual é um imperativo. Espera-se que o Senhor Presidente da República rapidamente demita este governo que conduziu o país ao colapso, palavra tão do seu agrado, e encontre uma alternativa com os partidos parlamentares e os parceiros sociais. Se tal não acontecer, a situação nas ruas poderá tornar-se incontrolável e - o que não passaria pela cabeça de ninguém há pouco tempo - o populismo e o desespero poderão conduzir a uma revolução ou contra-revolução.

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