sexta-feira, 13 de julho de 2012

VELHOS SEM PRESENTE, JOVENS SEM FUTURO

Uma das frases mais célebres de Francisco Sá Carneiro, na segunda metade da década de 70 do século passado, era a seguinte: "Portugal é um país onde os velhos não têm presente e os jovens não têm futuro".
A luta de Sá Carneiro contra o socialismo terceiro-mundista, no plano económico e em alguns aspectos políticos, consignado na Constituição aprovada em 1976, era por um capitalismo de rosto humano, regulado pelo regime democrático, que não fosse um objectivo, mas um meio para tornar Portugal num país próspero e desenvolvido, com justiça social, de onde fossem erradicadas a pobreza e a miséria. Combatia o igualitarismo, mas defendia a igualdade de oportunidades. Era pelo mérito, mas sempre conjugado com a justiça social, ou, como diria o "papa" do liberalismo económico, Adam Smith, deturpado pelo actual poder passista/portista, com uma rede social abaixo da qual ninguém caia.
Não é necessária grande formação política e ideológica, ou um curso superior obtido na Lusófona, ainda que feito num ano e com apenas 4 disciplinas, para ver que o actual PSD nada tem a ver com aqueles princípios. O Partido Social Democrata morreu, sendo fundado, em seu lugar, um partido neo-liberal, deturpador da ideologia fundacional do conceito moderno de democracia, conservador e reaccionário, como demonstram muitas medidas tomadas recentemente pelo mesmo.
Contrariamente ao "sá carneirismo", o "passismo" não tem preocupações de carácter social. O elevado desemprego, a miséria e fome que se fazem sentir, principalmente nos grandes meios, a proletarização da classe média, o abandono da universidade por alunos com poucos recursos (ainda se lembra, Doutor Nuno Crato, quando berrava por um ensino ao serviço do povo? Renegar o marxismo-leninismo-maoismo, como eu também fiz, é uma virtude. Esquecer os aspectos positivos do marxismo e da tradição da esquerda, em geral, inscritos na matriz original do PSD e que o capitalismo inteligente do pós-segunda guerra mundial endossou, é um acto de traição, sim, à generosidade com que defendemos ideais errados no passado e que nos levou a defender a democracia liberal, mas também social) não preocupam Passos e "sus muchachos".
O PSD é um partido claramente à direita do próprio CDS. A pessoa mais à esquerda no actual governo, é, sem dúvida, a ministra Assunção Cristas, que se bate por uma reforma agrária democrática, como se vê pela sua política relativamente ao banco de terras.
Recentemente, o bispo mais odiado pela direita, D. Januário Torgal Ferreira, ao denunciar a política anti-social - e que só tem agravado a crise financeira - do governo, demonstrou, por A+B, que a mesma nada tem a ver com o "sá carneirismo", pois, segundo afirmou, conheceu o primeiro líder do PSD em realizações da Igreja Católica antes do 25 de Abril, onde o mesmo mostrava uma grande preocupação com os mais pobres e desfavorecidos.
Está explicado porque este poder não gosta deste bispo. Os motivos são, em situações históricas diferentes, os mesmos pelos quais os poderosos de há dois milénios perseguiram e mataram Jesus Cristo. Para estes falsos sociais democratas, falar de justiça social, solidariedade e opção pelos pobres, é ser um "perigoso esquerdista".
Como, com esta idade, já vi muita coisa, pouco ou nada me faz admirar. Muito menos que este PSD venha, quando tiver condições para isso, a apelidar também Sá Carneiro de "perigoso esquerdista" e a social-democracia de ideologia revolucionária e inimiga do que pensam ser liberalismo. Ah! Ainda eles, provavelmente, não sabem nem sonham, como diria António Gedeão, que os bolcheviques, liderados por Lenine, autores da primeira revolução comunista vitoriosa no mundo, sairam do POSDR (Partido Operário Social-Democrata Russo), ou que os espartaquistas alemães (comunistas), de Rosa Luxemburgo e Karl Libknecht, também sairam do velho SPD do país hoje dominante na UE. Mas, para que certas mentes não fiquem confusas, eu esclareço-as: após o falhanço da Comuna de Paris, em 1871, Marx defendeu a entrada dos comunistas para os partidos socialistas e sociais-democratas, para melhor se protegerem da repressão que sobre os mesmos se fez abater. Daí que a genaralidade dos partidos comunistas tenham saído daqueles partidos no final da década de 10 e na década de 20, no século XX, após a vitória dos bolcheviques.

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