sexta-feira, 16 de março de 2012

QUANDO MEIA VERDADE ESCONDE A MENTIRA

Para a mentira ser segura
e atingir profundidade
tem que trazer à mistura
qualquer coisa de verdade

António Aleixo


Nesta semana, o secretário de estado adjunto do primeiro-ministro, Carlos Moedas, tentou atirar areia para os olhos dos portugueses, fazendo jus à quadra do popular poeta algarvio António Aleixo, acima referida.
Ostentando aquele ar entre os estilos betinho e "yupie" (daqueles rapazolas que na década de 80 do século passado rebentaram com a bolsa de Wall Street e acabaram na cadeia), disse que o "ajustamento" português está a dar frutos na economia. Em que se baseava o moço? No aumento das exportações relativamente às importações. Mas não é necessário ser economista para perceber que tal se deve à falta de dinheiro e às falências de empresas, que conduzem à diminuição das compras ao estrangeiro.
Porque não falou em frutos podres, como o aumento da inflação, a queda do PIB (1,5% no ano passado e 3 a 4%, segundo as previsões para este ano)? Porque "esqueceu" o desemprego real e não o das estatísticas manipuladas, que já atinge mais de um milhão de trabalhadores? Esses frutos não contam?
Assim se procura enganar o Zé Povinho. Não quero comparar este rapaz e os seus companheiros de governo com o tristemente célebre Doutor Goebels, ministro da propaganda nazi, quando afirmava "uma mentira suficientemente repetida passa a ser verdade". Seria banalizar os horrorosos crimes dos nazis. Prefiro ficar pela comparação com o nosso Aleixo.
Os tiros de pólvora seca dados por esta gente, no entanto, estão-lhes a sair pela culatra. O PSD e o CDS estão em queda nas sondagens. Algumas destas apontam já para a perda da maioria absoluta por aqueles partidos, os quais já nada têm de social democrata ou democrata-cristão. Por outro lado, a imagem do governo é muito negativa. Tivesse o PS o seu Tony Blair na liderança e já lideraria os inquéritos à população.
É que, como dizia o presidente americano Lincoln, no século XIX, "pode enganar-se toda a gente durante algum tempo, pode enganar-se alguma gente durante algum tempo, não se pode enganar toda a gente toda a vida". A meia verdade, a esconder uma grande mentira, de Carlos Moedas, aliada a tantas promessas não cumpridas dos actuais detentores do poder executivo, especialmente as feitas durante a campanha eleitoral que os conduziu ao poder, começam a fazer cair as suas máscaras e a mostrar que esta gente não é melhor que Sócrates.
Sociais democratas, liberais (incluindo os que militam no PS), democratas-cristãos, não estais representados por nenhum dos partidos existentes. Tendes de optar: ou continuais nos vossos partidos à espera de melhores dias, ou abandonais os mesmos, procurando outras formas de lutar por uma sociedade que se identifique com os vossos ideais. Chega de mentira! Chega de hipocrisia! Não foi necessário decorrer um ano para nos cansarem!

Sem comentários: