quinta-feira, 25 de março de 2010

O HOMEM DE PLÁSTICO


Quando Tony Blair liderava o Partido Trabalhista Britânico, na oposição aos conservadores, foi apelidado de "homem de plástico". No entanto, derrotou John Major, por larga diferença, quando a economia da Grã-Bretanha registava uma boa "performance". O que mostra que, contrariamente ao que dizia Cavaco Silva quando chegou à liderança do PSD, os problemas não são económicos, mas políticos, logo, as soluções para os resolver são também políticas. Já no poder, uma certa imprensa continuava a apelidar Blair da mesma forma. Até tinha "spin doctors" ! Como se todos os grandes políticos como Churchill, Roosevelt, De Gaulle, Mitterand, Clinton, Reagan, Aznar, Obama e tantos outros não tivessem "spin doctors", chamem-lhes assessores, adjuntos ou o que quiserem...


Em 10 anos de poder, Blair mostrou ser um bom primeiro-ministro, continuando a política de acentuado crescimento e desenvolvimento económicos, desemprego baixo e melhoria das condições de vida herdados de Margareth Thatcher.


Também no nosso país e a propósito da próxima eleição do líder do PSD, os adversários internos e externos de Pedro Passos Coelho afirmam ser o mesmo um "homem de plástico". No entanto, na campanha para aquela liderança, Passos Coelho foi o único dos candidatos que demonstrou nos debates, entrevistas e documentos da candidatura, ter um projecto com carácter geral e sectorial, na saúde, na educação, na economia, nas finanças públicas, no ambiente, na justiça, etc, assente num liberalismo político, económico e de costumes, sem cair no relativismo, acompanhado de forte componente social e preocupação com os mais desfavorecidos, numa lógica inter-classista, sem demagogias anti-ricos, mas com uma enorme pulsão para acabar com a pobreza e as injustiças sociais e humanas. Eu diria mesmo estarmos perante o Sá Carneiro do séc XXI.


Castanheira Barros mostrou ser um PSD dos 4 costados, mas sem programa estruturado. No entanto, tem dado e poderá continuar a dar um grande contributo ao que em Portugal se apelida de social-democracia.


Aguiar Branco é uma pessoa bem-intencionada, a quem muito deve o PSD, mas sem chama.


Paulo Rangel mostrou ser o pior dos candidatos. Não tem qualquer programa digno desse nome, lançando apenas uns "sound bites", fazendo lembrar Paulo Portas, seu potencial aliado, de cujo partido foi militante entre 1996 e 1999, apesar de se ter esquecido de tal. Está o leitor a imaginar no lugar de primeiro-ministro alguém que sofre de amnésia? O homem não passa de um bleuff. A sua política é a continuação da de Ferreira Leite, a qual conduziu o PSD a uma humilhante derrota nas últimas legislativas. É o candidato mais à direita e mais conservador. Como se sabe, as eleições ganham-se ao centro. Eleger Rangel é o melhor que poderá acontecer a Sócrates, apesar de desacreditado.


Todas as sondagens, quer entre os sociais-democratas, quer entre o público, em geral, apontam para uma vitória clara de Pedro Passos Coelho. Há uma grande vontade de mudança no partido e na sociedade, bem como a percepção de que o candidato que os defensores do "satatus quo" dentro e fora do partido chamam de "homem de plástico" é a pessoa indicada para operar tal mudança, que passa pelo corte com o socialismo socratista, mas também com a tecnocracia ferreirista leitista e o virar de página do cavaquismo, hoje desactualizado.


Manuel Silva

2 comentários:

Anónimo disse...

"continuando a política de acentuado crescimento e desenvolvimento económicos, desemprego baixo e melhoria das condições de vida herdados de Margareth Thatcher"

Falso. o crescimento economico durante o consulado blair foi, em percentagem do PIb e em termos reais, muito inferiores aos do consulado tatcher e, à excepção de 92, do governo john major.

http://news.bbc.co.uk/2/shared/spl/hi/pop_ups/07/business_blair_and_the_uk_economy/html/1.stm

Vê se acertas para a próxima, Silva

Manuel Silva disse...

Ainda que inferior ao de Thatcher, o crescimento económico na era Blair foi claramente superior ao da média europeia, que, por sua vez, também baixou. De resto, por algum motivo Blair ganhou as eleições 3 vezes seguidas com maioria absoluta, facto inédito relativamente aos trabalhistas ingleses.