quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

O CALADO QUE PASSOU A PALRADOR DE SERVIÇO

Foi no final do mês de Outubro do ano da graça de 1988. Decorria um congresso da JSD em Tróia, no qual participei. Era, na altura, presidente da mesa da Assembleia Geral Distrital de Viseu da organização da juventude do PSD.
No segundo dia do Congresso estávamos vários participantes no mesmo, pela manhã, a tomar o pequeno almoço num bar situado junto ao Sado. Ali se encontravam também o actual secretário de Estado das comunidades, José Cesário, e Miguel Relvas, hoje ministro dos assuntos parlamentares, da administração local, juventude e desporto, “controleiro” da comunicação social estatizada, e então secretário-geral da JSD. O presidente desta organização era Carlos Coelho, sendo o actual primeiro-ministro, Passos Coelho, seu vice-presidente.
Miguel Relvas dirigiu-se a José Cesário, perguntando-lhe se deveria falar ou não no congresso. Este último disse-lhe: “se é para te queimares, vale mais não falares”. Foi exactamente o que fez Relvas. Durante todo o congresso, o homem do aparelho da organização não abriu a boca.
Miguel Relvas, que ao tempo, passava quase despercebido na “jota”, tornou-se um palrador que intervem a propósito de tudo e de nada, num discurso pontuado por banalidades. É a gente desta, conhecedora dos aparelhos partidários e do serviço prestado a certos empresários, que governa um país como se governasse uma empresa, mas desconhece o país real, obcecada apenas com os números do défice e da dívida, estando “nas tintas” para a pobreza e o necessário crescimento económico para combater a mesma, que Portugal está entregue. Mas, como diz o chefe do governo, “temos de empobrecer”.
Aquela expressão de Passos Coelho não é mais grave que a “gaffe” de Cavaco Silva sobre as suas pensões de reforma e despesas mensais? Porque não levantou a mesma celeuma na comunicação social? Estamos mesmo num situacionismo que faz recordar outros tempos de má memória. É por estas e por outras que o autor destas linhas está no reviralho...

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