quarta-feira, 1 de junho de 2011

PRESIDENTE DA CIP DEFENDE O REGRESSO AO SÉC. XIX

Recentemente, um senhor que foi sindicalista na Lisnave, se afirma simpatizante do centro-esquerda e preside à Confederação dos Industriais Portugueses (CIP), afirmou deverem ser admitidos os despedimentos sem justa causa. Na prática, defende o despedimento livre. Provavelmente, estará já a pensar acabar com direitos fundamentais como os de reunião, actividade sindical e de greve, pôr os trabalhadores a laborar as horas necessárias, não para “a defesa e salvaguarda da revolução”, como dizia Arnaldo Matos em 1975, mas talvez para uma nova “batalha da produção”, expressão criada por Vasco Gonçalves, só que, agora, de direita e ao serviço do capitalismo sem alma ou escrúpulos.
Os partidos chamados de esquerda reagiram contra aquela afirmação de António Saraiva. O PSD e o CDS não se pronunciaram. Recordamos, no entanto, que Paulo Portas, quando era director do defunto “Independente”, também escreveu no mesmo que os despedimentos não deviam estar regulados por lei, pois isso era um problema dos empresários. Está, pois, justificado o silêncio do CDS e do seu líder, o qual, só por demagogia, fala dos reformados e da lavoura.
O PSD deve defender uma posição inequívoca contra esta vontade de regresso ao capitalismo selvagem do séc. XIX. É certo que o mercado de trabalho deve ser flexibilizado e caracterizado por maior mobilidade, mas dentro do espírito da flexisegurança, da conciliação entre capital e trabalho, e não do abuso do patronato. Há que ter em conta que muitos empresários não interiorizaram o espírito da modernidade e de um capitalismo inteligente, com rosto humano. Continuam a ser patrões à moda antiga.
Se o PSD assumir tal posição, tem uma boa oportunidade, após a proposta de uma aliança governamental pós-eleitoral com o CDS, para desmentir analistas que afirmam “ser este PSD uma nova direita, muito diferente do partido fundado por Sá Carneiro”. Mais poderá demonstrar que o liberalismo, além de compatível, é integrante da social democracia portuguesa, tal como foi concebida pelo primeiro líder do então Partido Popular Democrático (PPD), há 37 anos. Caso contrário, poderá “ajudar” a que Portugal continue governado por quem mente descaradamente, conduziu o país à bancarrota e provocou um desemprego de quase um milhão de trabalhadores. A taxa real de desemprego é de 15,5% da população activa. É o INE que o afirma. Mais: certamente uma alteração como a que António Saraiva propõe provocará lutas nos locais de trabalho e na rua, dirigidas pelos herdeiros de Marx, cujas teorias tiveram (e ainda não deixaram totalmente de ter) grande sucesso e apoio, devido ao capitalismo desumano do séc XIX. Onde o autor de “O Capital” estiver dirá, então: “a História está a dar-me razão quando afirmava que a mesma se repetia, não como farsa, mas como tragédia”.

PS 1: o presidente da CIP diz o que acima vai afirmado, porque, infelizmente, nas actuais democracias, como disse, há alguns anos, o liberal, actual prémio Nobel da literatura, Mário Vargas Llosa, “o poder económico domina o poder político, o que constitui uma perversão do liberalismo”. O governo saído das eleições do próximo domingo deverá garantir liberdade e emancipação da sociedade civil, logo do poder económico, mas regulado e dirigido pelo Estado de Direito.
PS 2: Comparar José Sócrates com Salazar ou Hitler é absurdo, do ponto de vista ideológico. Mas, observando a personalidade do ainda primeiro-ministro, parece ter lido e assimilado as teorias do ministro nazi da propaganda, Prof. Doutor Goebels, especialmente a que diz tornar-se verdade uma mentira sucessivamente repetida. Tal como o Doutor Salazar, também para Sócrates quem contestar a sua política não é patriota. Até parece que a pátria começa e acaba nele. Vaidades patológicas…

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